Em sua segunda exposição individual na Galeria Luisa Strina, o artista Mario García Torres apresenta um conjunto de sete esculturas em bronze e duas instalações de parede em que constrói uma espécie de mise-en-scène cujo script é vagamente evocado no título da mostra. Os trabalhos em bronze são desdobramentos da série intitulada Lost Acts, exibidas pela primeira vez na Galeria Franco Noero, em Turim, em 2017. Lots Acts, ou Ações perdidas, refere-se ao processo de manufatura dessas peças. Num primeiro momento, as caixas de papelão são amassadas pelo artista até que a engenharia original de sua construção não seja mais proeminente, trazendo um dado de irracionalidade para esses materiais industrializados. As caixas são então submergidas na terra para moldagem e subsequentemente queimadas no momento da fundição: ao mesmo tempo em que suas formas são fixadas em bronze, o índice material da ação/ performance do artista (as caixas) é aniquilado.
García Torres é conhecido sobretudo por uma obra que responde ao legado da arte conceitual e da crítica institucional através de filmes, fotografias, projeções de slide, entre outras mídias. Sobre a exposição, o artista explica que é resultado de uma vontade de se aproximar da ideia de improviso e de produzir algo mais próximo da imprevisibilidade do que da racionalidade: “Antes, fazer esculturas era uma maneira de testar fisicamente as ideias que eu encontrava em pesquisas históricas. Mas, depois entendi que eu havia tomado essa pesquisa e quebrado com meu próprio modus operandi. (…) Eu costumava ser mais racional em relação a minha prática. Eu sempre entendia tudo sobre um trabalho antes de começar a produzi-lo. Agora, estou mais interessado nas sutilezas que acontecem de um trabalho para o outro, e em como as ideias amadurecem a partir da experiência que tenho com eles.”
Mais do que uma seleção de obras independentes, a exposição foi concebida de modo análogo à uma cena de um filme, como se algo estivesse prestes a acontecer para além daquilo que está forjado em bronze. As esculturas estão dispostas no espaço da galeria de modo aparentemente aleatório, tensionando os limites entre a escultura e o lixo. Complementando essa cena, estão duas instalações de parede compostas por grupos de formigas em forjadas em metal que formam composições caracterizadas simultaneamente por ideias de ordem e desordem. Com esses trabalhos, Mario García Torres buscou enfatizar o caráter surreal da cena construída no espaço da galeria: “Lembro-me de ficar impressionado com o modo como as formigas criam formas em sua coletividade, às vezes formas modernas, formas racionais. Foi então que imaginei que as formigas poderiam entrar nessa conversa. Pequenos insetos que, por instinto, estão engajados na nossa conversa sobre o moderno, talvez não apenas criando formas em uma galeria, mas também interagindo com os trabalhos e com a arquitetura.”
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