A artista Vivian Caccuri (1986, São Paulo, SP, Brasil) inaugura sua exposição Mão invisível, em 6 de abril, sábado, na Millan. Com texto crítico do curador Bernardo José de Souza, a individual é a primeira da artista dedicada inteiramente a mostrar seus desenhos e investiga os limites entre êxtase e destruição.
Na Millan, Caccuri apresenta um conjunto de 12 desenhos feitos em carvão e giz pastel, além de uma escultura que usa papel como material principal. As obras inéditas têm como inspiração os festivais de música e o estado catártico alcançado por meio da dança —e são um desenvolvimento de uma longa pesquisa sobre o som e sua capacidade de alterar o estado mental das pessoas e o comportamento social.
Conhecida por obras de grande escala que utilizam paredões de som, telas de mosquiteiro ou instrumentos musicais como suporte, a artista explica que o desenho sempre esteve presente em sua prática. No entanto, ele sempre serviu como projeto para instalações ou como guia para bordados e, apenas agora, são apresentados como trabalhos autônomos.
Esses desenhos apresentam cenas que evocam uma atmosfera de ambiguidade entre êxtase e destruição: Neles, pessoas dançando são sugadas por vórtices ou, em outras, o show de luzes dos palcos de festivais se confundem com tempestades. A dualidade dessa espécie de transe investigado pela artista também está presente na escultura Testemunho (palco), 2024, concebido após encontrar vídeos da internet que mostram palcos em colapso e o público, mesmo assim, seguindo em festa. Caccuri enxerga nesses acontecimentos, como os que marcaram a edição de 1999 do festival Woodstock, a potencialidade de criar ensaios para um mundo distópico.
Para Bernardo José de Souza, que assina o texto que apresenta a exposição: “A artista nos confronta, assim, com o epílogo de um sonho cujo início idílico implicava um estado de transe, uma busca por transcendência e um sentido oblíquo de redenção. Mas quais são as armadilhas dos tropos contemporâneos da felicidade? Essa parece ser a elucubração principal que paira sobre a exposição. Todo o aparato por trás da indústria do entretenimento se enreda aos enigmas da existência humana, cuja miríade de maquinações internas fetichistas sucumbe à cultura material.”
Assim, como presente no seu título — Mão invisível — a exposição evoca reflexões não apenas sobre as forças que impelem os corpos a se mover quando tomados por um beat musical, mas também sobre as pré-determinações do gosto diante da indústria musical e do entretenimento. Por fim, também somos convidados, mais do que nunca, a ver o gesto e mão da artista na composição dos trabalhos.
Mão invisível ocupa o espaço expositivo da Millan localizado no número 1430 da Rua Fradique Coutinho, e fica em cartaz até 4 de maio.
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