Luciana Rique abre “Sólido Volátil” em seu espaço no Rio de Janeiro

Untitled 5, Sólido Volátil. Crédito: Luciana Rique

Pela primeira vez, a artista Luciana Rique apresenta diferentes tipos de obras, além da fotografia, em uma exposição. “Sólido Volátil” será inaugurada em 27 de setembro, em seu espaço no Leblon. Com curadoria de Eder Chiodetto e parte do roteiro da ArtRio, a mostra conta com 31 obras produzidas pela artista em diferentes lugares do mundo. São criações que remetem, segundo ela, às situações de “sólido” e “volátil,” uma contradição que inspira reflexão.

“Sólido é meu trabalho, o real, minha história de vida, imagens que crio do subconsciente, de traumas e que formam a base onde encontro forças para reagir. Volátil é a transmutação da arte que criei, fazendo ela se tornar equilibrada, a solidez que me oprime,” relata Luciana. É por meio desse sentimento, que permeia o coração e a alma da artista, que ela fala sobre sua exposição, utilizando também como canal um poema homônimo, escrito por ela, que acompanha a mostra.

Elementos como fórmica e vidro, aplicados sobre as obras, saem do lugar de proteção e passam a integrar os trabalhos a serem apresentados em “Sólido Volátil.” Vidros jateados criam jogos de luz e sombra que manifestam a volatilidade e a vulnerabilidade desse sólido. Ao mesmo tempo, uma parte geométrica e mais escura da obra recebe uma placa de fórmica, recortada de modo cirúrgico para que excessos não se sobreponham à forma original, dando dimensão e tom às criações.

Para Eder Chiodetto, “a fotografia passa a ser objeto, o vidro se torna obra, e o reflexo e a opacidade revelam como as luzes incidentais moldam nossa percepção do mundo.” O curador pontua que, em “Sólido Volátil,” a artista parte de imagens fotográficas obtidas por meio de uma forma singular de captar vestígios, encontros de formas, cadências de luz e texturas que, em geral, escapam a um olhar menos atento. Ele complementa, destacando o uso de novos materiais e formas que a artista traz para essa exibição. “Luciana expande o uso da fotografia, buscando agora um diálogo das imagens com materiais que criam tensões e distensões no corpo das obras, resultando em peças nas quais a leveza, o equilíbrio e um premente estado de fruição sensorial dão a tônica que impulsiona esse desejo de transmutação.”

Entre os dípticos e polípticos que compõem a mostra, destaca-se uma escultura nascida a partir de uma fotografia, outra novidade apresentada por Luciana. A agulha, que outrora estava apenas impressa em pigmento mineral, ganha contornos reais e passa a existir enquanto corpo sólido, dentro de uma caixa de acrílico. Acoplada a um vidro refletante em um dos lados e com uma sutil transparência, a composição da obra, que é única, faz parecer levitar o fino objeto metálico, centralizado na peça.