Entender a fragilidade como uma forma poética de fortaleza e de empoderamento pode ser uma das chaves para entender também o trabalho íntimo e reflexivo de um dos artistas brasileiros mais destacados internacionalmente como é Leonilson, nascido em Fortaleza, Ceará, em 1957. Sua produção inclui pintura, desenho e bordado, e carrega uma abordagem íntima e autobiográfica, explorando temas como amor, sexualidade, solidão, doença e morte.
No ano em que se completa 30 anos de sua morte, um ciclo de homenagens iniciado em maio, na Capela do Morumbi, continua, a partir do dia 5 de agosto, com a exposição Leonilson. Corpo Político, na Almeida & Dale Galeria de Arte, com curadoria do historiador espanhol Agustin Perez-Rubio. O recorte proposto para toda a programação, pretende compreender sua prática artística sob uma perspectiva política, identificando como ele se posicionou diante das questões sociais que enfrentou.
Com cerca de 70 obras, distribuídas em salas, o curador destaca algumas delas que compõem a mostra: Leo não pode mudar o mundo (1991), [… consegue… (1989)], O homem moderno (1986), Ianomami Iguaçú (1988), Norte (1988), José (1991), Empty man (1991), Dignidade Fragilidade, Desejo (1991), O vita (1992), Sexo amor família amigos dinheiro (1991), The game is over (1991), 3 at same time (sic) (1990), Pobre Sebastião (1993), Origins; Fantasy; Pleasure; Allegory (1990), Slave (1990); Bad Boy; Fragile Soul (1990).
O projeto contempla tanto a visão de Leonilson em relação a questões ecológicas e à preservação da memória de certos territórios, como sua experiência como um corpo que não se encaixa nas normas heteronormativas. Isso se reflete em sua autorrepresentação ficcional e em sua sexualidade livre, suas alianças com outras minorias, seus valores políticos projetados a partir das notícias do cotidiano; sua política de afeto em relação à família – tanto a de sangue quanto a escolhida – e em seu empoderamento como um corpo frágil e doente, onde a política de cuidado também faz parte de seu legado.
Em 28 de maio de 1993, o artista faleceu devido a complicações relacionadas ao HIV/Aids. Seu legado artístico transcende suas experiências e contexto, e hoje é essencial para compreender algumas das derivas artísticas do final do século 20. Durante sua carreira, desenvolveu um estilo distintivo, caracterizado por linhas delicadas, imagens simbólicas e o uso de palavras e letras em suas composições. Ele combinava diferentes técnicas, como pintura acrílica, colagem e bordado, criando obras que eram tanto visualmente cativantes quanto carregadas de significado.
“Acho que o legado de Leonilson é essencial tanto estética quanto politicamente. Seu trabalho está repleto de referências para muitos outros jovens artistas que hoje vêem em sua prática artística reflexos poéticos de como enfrentou questões sociais e políticas ao inovar em formas de representação e comunicação”, diz o curador.
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