Denilson Baniwa, “Arqueiro digital”, 2017 © Denilson Baniwa
Neste ano, a Maison de l’Amérique Latine dá destaque às relações bilaterais França-Brasil por meio de uma temporada cultural dedicada ao tema. A partir de 30 de abril de 2025, a instituição apresenta, sob curadoria de Jacques Leenhardt e Gabriela Longman, uma importante exposição dedicada ao trabalho de crítica e ressimbolização das imagens do pintor Jean-Baptiste Debret (1768–1848) por uma geração efervescente de artistas contemporâneos brasileiros. Intitulada “Le Brésil illustré. L’héritage postcolonial de Jean-Baptiste Debret” [“O Brasil ilustrado. O legado pós-colonial de Jean-Baptiste Debret”], a mostra se baseia nas pesquisas recentes de Jacques Leenhardt (Rever Debret, Editora 34, São Paulo, 2023), também reunidas em uma publicação homônima a ser lançada pela Actes Sud em abril de 2025.
Jean-Baptiste Debret (1768–1848), pintor do círculo de Jacques-Louis David durante a Revolução Francesa e o Império, emigrou em 1815 para o Rio de Janeiro, onde foi recebido como pintor oficial da corte portuguesa, transferida para sua colônia. Durante 15 anos, foi testemunha da transformação dessa colônia em Império do Brasil. De volta a Paris em 1831, publicou um livro amplamente ilustrado, Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, revelando as aquarelas até então mantidas em segredo, realizadas ao longo de sua estada — uma verdadeira sociologia em imagens da vida cotidiana no Rio de Janeiro em plena transição. Um século depois, após ter sido censurado pela biblioteca imperial e posteriormente esquecido por retratar de forma demasiado crua a sociedade escravocrata, Viagem pitoresca e histórica ao Brasil foi redescoberto, traduzido e publicado no Brasil em 1940, com tanto sucesso que se tornou uma iconografia de referência sobre o período. A obra foi publicada pela Imprimerie Nationale em 2014.
Em 2022, por ocasião das celebrações do Bicentenário da Independência do Brasil, diversos artistas das novas gerações indígenas e afrodescendentes passaram a confrontar essas imagens de seus ancestrais e comunidades. Por não se reconhecerem nessa arquivística colonial, apropriam-se dessas imagens para desviá-las, carnavalizá-las e ressimbolizá-las.
As obras produzidas constituem um diálogo e, ao mesmo tempo, uma resposta às imagens de Debret. Por meio de sua inventividade e força crítica, essas criações colocam em pauta a atualíssima questão da confrontação com o passado colonial. Ao ilustrar a riqueza desse ateliê contemporâneo — onde se inventam novas formas de saber e de representação —, a exposição O Brasil ilustrado. O legado pós-colonial de Jean-Baptiste Debret mostra como a arte inventa estratégias para reconectar a história dessas comunidades ao relato nacional do qual foram apagadas.
Com obras de:
Denilson Baniwa, Anna Bella Geiger, Isabel Löfgren & Patricia Goùvea, Tiago Gualberto, Claudia Hersz, Jaime Lauriano, Lívia Melzi, Valerio Ricci Montani, Eustáquio Neves, Dalton Paula, Tiago Sant’Ana, Heberth Sobral, Gê Viana.
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