Jorge Macchi, “Perspectiva atmosférica”, 2024. Foto: Édouard Fraipont. Cortesia do artista e Luisa Strina
A máscara—e o que se vê através dela—é o ponto de partida para a nova exposição de Jorge Macchi, com abertura em 10 de julho, quinta-feira, das 18h às 21h, na Luisa Strina.
Para Las fases lunáticas, Jorge Macchi criou um conjunto de obras que relaciona objetos encontrados com a materialidade da pintura e a imaterialidade da luz. O título da exposição deriva de uma pintura que representa a sobreposição de sombras projetadas por diferentes focos de luz ao atravessar os furos de um papelão. A expressão fases lunáticas é uma alteração sutil de fases lunares, aludindo às diferentes situações de luz e sombra nos seis círculos que compõem a obra.
Em geral, a exposição está estruturada em dípticos que colocam em diálogo peças de papelão encontradas na rua com pinturas sobre papel. Os papelões exibem uma constelação de orifícios que correspondem à função que cumpriam antes de serem descartados. As pinturas, por sua vez, repetem em espelho a estrutura desses orifícios. Cada uma das formas resultantes, pintadas com óleo sobre papel branco, representa fragmentos de uma paisagem atmosférica com sutis gradientes de cor. A auréola criada pelo óleo ao redor das formas, ao ser absorvido pelo papel, aprofunda a fragmentação dessa paisagem, supostamente percebida através dos orifícios. O papelão funciona ao mesmo tempo como máscara e como dispositivo para olhar.
Sobre as obras
Interior e Exterior (ambas de 2024) são duas pinturas que abordam um mesmo efeito luminoso a partir de duas perspectivas diferentes. Enquanto Interior representa, à maneira impressionista, os efeitos da luz no interior de um quarto ao passar através de uma persiana semiaberta, Exterior representa apenas o que se poderia ver do espaço exterior através dos pequenos buracos dessa mesma persiana.
Outras peças fazem referência à câmara escura, dispositivo óptico que antecedeu a fotografia. Aqui se relacionam caixas de papelão encontradas e pinturas que resultam da projeção sobre o papel dos orifícios presentes nessas caixas.
Luz mala (2025) é uma peça de papelão amassado com orifícios dispostos em fileiras, que pende da parede. Somente a ação do espectador permite descobrir os efeitos da luz que atravessa os furos sobre a parede que lhe serve de suporte.
Test (2024) propõe outro tipo de máscara: as duas letras simétricas Y e O foram obtidas à maneira do teste de Rorschach, dobrando um papel ao meio e carimbando uma imagem simétrica. Se o famoso teste propicia uma interpretação do espectador, aqui não há interpretação possível: o texto diz YO (“EU”, em espanhol), ainda que esse “eu” seja absolutamente opaco.
O artista decidiu incorporar à mostra uma obra de 1996, Peep show. No contexto da exposição, esta acaba sendo uma inversão do mecanismo presente em quase todas as obras. É uma colagem com recortes de jornais de fotografias dos olhos de diferentes pessoas, como se estivessem olhando através de um buraco retangular para o espaço de exposição ou para o espectador, a partir de seu próprio espaço particular.
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