LABINAC – O que sempre fizemos é o título da exposição que tem curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e que reunirá aproximadamente 60 obras autorais concebidas a partir da ideia de desenvolver um híbrido entre uma escultura e uma peça de utilitário. “A LABINAC não foi concebida pelos seus fundadores como um projeto artístico, mas como ‘um coletivo de design iniciado com o duplo objetivo de desenhar e fazer coisas e apoiar o trabalho artesanal dos povos indígenas da América Latina’”, escreve o curador no texto de apresentação da mostra, marcada para abrir simultaneamente na Casa Zalszupin e na Galeria Jaqueline Martins.
Os fundadores são os artistas Maria Thereza Alves (São Paulo, 1961) e Jimmie Durham (EUA, 1940-2021), referências incontornáveis no âmbito de uma produção artística que nunca se dissocia de um engajamento ativo na luta pela defesa dos direitos dos povos originários. Muitas das peças da LABINAC foram projetadas e executadas diretamente por eles, mas também é frequente o convite a outros artistas para colaborarem no projeto. “O exercício é sair da zona de conforto e transformar uma escultura em um utilitário, ambiente que expande as artes visuais”, explica Jaqueline Martins. O projeto será apresentado pela primeira vez na América do Sul, os dois ateliês/laboratórios do LABINAC ficam em Berlin e Nápoles e, algumas das obras que estarão expostas vieram importadas da Itália. Outras peças, produzidas no Brasil e com matéria prima local, enfatizam um dos objetivos do projeto: transformar materiais de descarte, ressignificar e dar novo uso para objetos.
“A gênese do projeto está num entendimento da vida como uma coreografia de movimentos e pausas. E o que mais imediatamente caracteriza essas pausas, que para pessoas e povos sob constante ameaça se tornam frequentemente temporárias, é a construção de uma casa e, principalmente, do que nos faz sentir em casa: ‘uma cadeira, uma mesa, uma lâmpada, um vaso’. Os objetos que nos acompanham ao comer, escrever, pensar, sonhar talvez outra vida e outro mundo”, escreve Jacopo, e completa, fazendo referência ao poema de onde tira o título da exposição: “As coisas que we always did [sempre fizemos]. O poema, mesmo não assinado, parece esculpido na pedra ou na madeira no estilo inconfundível da escrita poética de Jimmie Durham (que, além de artista, foi um poeta extraordinário), e projeta os objetos da LABINAC num âmbito que transcende os limites do que costumamos chamar de design, porque é carregado de uma dimensão autenticamente filosófica, universal e atemporal”.
A exposição acontece em dois espaços muito diferentes, onde esses objetos são colocados em relação e fricção com contextos que permitem leituras diferentes deles. Na Casa Zalszupin, o diálogo é principalmente com peças produzidas pelo próprio arquiteto e designer e editadas pela ETEL, e com um ambiente doméstico, familiar apesar de, evidentemente, extraordinário. Já na Galeria Jaqueline Martins, no espaço relativamente asséptico de uma galeria de arte, a conversa principal é com obras em que aparecem, muitas vezes no fundo da cena, ‘uma cadeira, uma mesa, uma lâmpada, um vaso’, isto é, objetos para os quais geralmente não olhamos, ou que consideramos apenas “mobiliário”.
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