No dia 23 de março de 2024, será inaugurada a exposição Krajcberg & Zanine, na Galeria Athena, que une, pela primeira vez, obras do artista Frans Krajcberg (1921-2017) e do arquiteto e designer José Zanine Caldas (1919-2001), que foram amigos e se influenciaram mutuamente. A relação dos dois é pouco conhecida e até hoje nunca havia sido feita uma exposição sobre o assunto. A mostra, que é realizada em parceria com a Diletante42, explora, em um diálogo inédito, os pontos de contato entre as obras destes dois grandes nomes da cultura brasileira, ressaltando a preocupação de ambos com o meio ambiente. Na ocasião também será inaugurada a exposição Pandro Nobã: Caminho de volta, na Sala Casa.
“Krajcberg e Zanine foram muito amigos e tiveram uma convivência muito próxima com a natureza. Existe um diálogo entre as suas obras, e a ideia da exposição é apresentar o melhor de cada um deles, com peças importantes e extremamente representativas”, diz Liecil Oliveira, um dos sócios da Galeria Athena.
A exposição apresentará cerca de 20 peças, entre esculturas de Krajcberg, dos anos 1960 e 1970, e itens de mobiliário e também uma escultura de Zanine, dos anos 1970 e início de 1980. Com produções bem diversas, os dois têm em comum o uso sustentável da madeira e a preocupação com o meio ambiente, já na década de 1970, quando pouco se falava sobre o assunto, sendo pioneiros neste aspecto. A mudança de ambos para a cidade de Nova Viçosa, no sul da Bahia, teve grande influência nisso e foi um marco na produção de ambos.
Na exposição, serão apresentados relevos de parede de Frans Krajcberg, feitos a partir de madeiras provenientes de queimadas e desmatamentos, com pigmentos naturais, criados por ele, nas cores preto, branco e vermelho. Haverá, ainda, uma única e grande obra de chão, da série Bailarinas, da década de 1980, feita a partir de madeira queimada e pigmentos naturais, medindo 2,90m de altura. “Krajcberg tentou, com esta escultura, recriar a dança de sua namorada bailarina no mangue”, conta Liecil Oliveira.
Ainda de Krajcberg, haverá obras da Série Sombra, técnica que consiste em capturar a sombra projetada por algum elemento natural, recortando em um suporte de madeira o desenho criado, que depois é fixado na peça, dando relevo e volume. “Era um projeto complicadíssimo, no qual ele colocava no sol aquilo que ele queria criar uma sombra, mas nem sempre ficava como ele queria e ele ia desenhando na madeira o defeito que aparecia. Ficava horas fazendo isso. Algumas eram sem cor, madeira lavada, mas na grande maioria ele usava elementos da natureza, pigmentos que ele encontrava no minério ou na terra, e trabalhava este pigmento para criar essas
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