A primeira mostra da artista Maria Fernanda Lucena na galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea, apresenta cinco pinturas de grande escala e sete menores, todas com temas ligados à memória e à passagem do tempo. Kodak 12 poses mostra o conjunto de pinturas de Maria Fernanda, onde a artista convoca memórias pessoais e coletivas. É inevitável associarmos este nome à empresa norte-americana que produz itens relacionados ao cinema e à fotografia e foi uma das responsáveis por popularizar filmes de rolo e a câmera fotográfica portátil, sobretudo no
Brasil onde está instalada há mais de um século. Contudo, a opção pelo nome não tem caráter homenageante. É uma escolha íntima, fruto de uma identificação cromática e afetiva, uma aposta no gesto, no clique e na crença que só a fotografia analógica pressupõe um percurso. Lucena opera em uma espécie de arqueologia visual. As camadas de tinta, não por mero acaso, sugerem que houve um processo de prospecção, revela-se algo recoberto por uma fração do tempo, resquícios cronológicos e a simbologia de uma época. O processo criativo de Lucena é ancorado em vestígios. Resgatar lembranças e estabelecer uma relação de troca com o que encontra.
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