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“Judeus na Amazônia” no Museu Judaico de São Paulo

02/11/2024 -10:00 até 04/05/2025 -19:00

Sergio Zalis Família Levy em Maués-AM – Série “Hebraicos da Amazônia” 1981 Impressão Fine art. Cortesia do artista

Histórias fascinantes merecem ser contadas e compartilhadas. A presença de judeus na região amazônica é uma delas. Maior exposição realizada pelo Museu Judaico de São Paulo desde sua inauguração em 2021, Judeus na Amazônia abre suas portas ao público no dia 2 de novembro. Reunindo mais de 220 itens entre obras de arte, vídeos, documentos históricos e fotográficos, a mostra propõe dar conta de um capítulo pouco conhecido da história brasileira: a imigração judaico-marroquina para a Amazônia, que aconteceu entre 1810 e 1930, trazendo centenas de famílias que viviam em cidades como Tânger, Tetuan, Fez e Marrakesh. Na região se estabeleceram como regatões, os mascates dos rios, e atuavam no período do auge da economia da borracha levando e trazendo mercadoria das cidades para os seringais. 

Com curadoria conjunta de Aldrin Moura de Figueiredo, Ilana Feldman, Mariana Lorenzi e Renato Athias, a panorâmica é fruto de uma pesquisa de dois anos realizada pelo Museu e ocupa três andares de sua sede. Subdividida em 13 núcleos temáticos, os espaços exibem recortes como embarcações, trocas comerciais, mulheres, ativismo ambiental, rituais e os entrelaçamentos entre a cultura judaica, marroquina e amazônica. Com obras de artistas como Claudia Andujar, Donna Benchimol, Thomaz Farkas, Arieh Wagner, Sergio Zalis, Abrão Bemerguy e Mady Benzecry – além de três obras comissionadas –, o projeto propõe um olhar ampliado sobre como a cultura judaica se ambientou em diferentes localidades amazônicas, influenciando e sendo influenciada, sem perder suas raízes. 

“O desejo foi abarcar o contexto histórico e documental trazendo à vida, as histórias pessoais e familiares dessa que é uma das primeiras comunidades judaicas a se estabelecer no Brasil.”, explica a Mariana Lorenzi, ressaltando que a pesquisa não se limitou às capitais Manaus e Belém, mas estendeu-se por cidades como Gurupá, Cametá, Alenquer, Parintins, Itacoatiara, Maués, Macapá e Breves, entre muitas outras. A pesquisa de campo incluiu visitas a antigos cemitérios – um levantamento aponta que mais de 30 deles teriam existido na região – arquivos institucionais e familiares, e sinagogas. Antes da exposição, o Museu realizou seminários preparatórios sobre a presença judaica na Amazônia que aconteceram em São Paulo, Belém, Manaus e Manaus e São Luiz do Maranhão.

“Foi um desafio fazer o levantamento da maior variedade possível de materiais, uma construção ativa de encontrar e mobilizar as pessoas que fazem parte daquela história. Além disso, houve a preocupação de mesclar os objetos  históricos com uma produção de arte contemporânea, seja por meio de artistas judeus provenientes da Amazônia, como Mady Benzecry, ou artistas judeus que atuaram na região, como o fotógrafo Thomaz Farkas”, complementa a curadora. Ela também ressalta a importância de Samuel Benchimol (1923-2002) e outros pesquisadores que se debruçaram anteriormente sobre o tema. Inclusive foi usada uma ampla bibliografia como base de pesquisa. Outro aspecto importante, é a importância do contexto do ciclo da borracha para o entendimento desses fluxos migratórios. 

Três obras foram comissionadas especialmente para a mostra. O jovem pintor paraense Diego Azevedo trabalhou a partir de fotografias históricas para fazer o retrato de duas mulheres ímpares na história da região: a escritora Sultana Levy Rosenblatt e a jornalista Feliz Benoliel. A premiada videoartista Janaina Wagner apresenta um filme em Super 8 inspirado pelos dialetos falados pelos judeus que se estabeleceram na região amazônica. Por fim, haverá uma obra do coletivo paraense Letras que flutuam , grupo de abridores de letras – técnica regional de pintar letras decorativas nos barcos.

Aos comissionamentos, somam-se obras de Abrão Bemerguy, Mady Benzecry, Donna Benchimol, Arieh Wagner, Felipe Goifman, Sergio Zalis, Thomaz Farkas, Claudia Andujar, Hannah Brandt, Paul Garfunkel, Renato Athias, Bruno Barbey, Berta Gleizer Ribeiro, Noel Nutels, pertencentes a acervos importantes como o do Museu de Arte do Rio (MAR), Instituto Moreira Salles (IMS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre outros. 

Um núcleo dedicado a rituais – como a religião era vivida na Amazônia – ocupa a área da sinagoga, reunindo um objeto raro: uma Torá de mais de quatrocentos anos, chegada ao Brasil na bagagem de um imigrante do Marrocos. Uma grande linha do tempo ilustrada, depoimentos de história oral e o documentário “O Rio dos Cohen”, de Felipe Goifman, também fazem parte dos conjuntos apresentados. 

Para Felipe Arruda, Diretor Executivo do Museu Judaico, a exposição reforça a vocação da instituição para criar pontes entre a cultura judaica e uma gama ampla de repertórios, comunidades e linguagens artísticas. “Esse projeto é fruto de uma imersão pautada pela escuta das pessoas que diariamente sentem, cultivam e vivem suas identidades judaico-amazônicas. A pesquisa surgiu quase que simultaneamente à criação do Museu e dá continuidade à missão de apresentar a pluralidade da identidade judaica, sempre em diálogo com a diversidade cultural brasileira e com os temas basilares do contemporâneo”.  

A exposição “Judeus na Amazônia” é apresentada pelo Instituto Cultural Vale, com patrocínio do Santander Brasil, da Gera Amazonas e apoio da Bemol e CIAM.

Detalhes

Início:
2 novembro -10:00
Final:
04/05/2025 -19:00
Categoria de Evento:
Evento Tags:
,
Website:
https://museujudaicosp.org.br/evento/judeus-na-amazonia/

Local

Museu Judaico de São Paulo
Rua Martinho Prado, 128 - Bela Vista
São Paulo, SP Brasil
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