Noite de verão, segunda exposição individual de José Damasceno na galeria, é composta apenas por obras inéditas, entre tapeçarias, esculturas, pinturas e instalações, que reúnem os desdobramentos mais recentes na incansável pesquisa do artista. Emprestando o título à mostra, a série de tapeçarias Noite de verão (2023) é criada com a aplicação de patches de tecido sobre peças de tapeçaria coletadas por Damasceno. A aplicação de uma figura feminina reclinada e sensualizada, típica das mídias de massa pop, sobre cenas bucólicas e pastorais feitas no tecido, estabelece uma narrativa que transcende temporalidades e realça reflexões sobre o sentido da colagem e como o cânone artístico é incorporado a imagens criadas para grande circulação. Remontando ao gesto inaugurado por Marcel Duchamp, com o ready-made e a noção de objet trouvé dadaístas, o interesse de Damasceno por estes objetos também vai ao encontro de sua constante investigação sobre as formas e meios da constituição de imagens e sobre a geometria. Construídas sobre uma matriz de linhas entrecruzadas, a feitura de tapeçarias pela técnica da tecelagem remete aos pontos e grids de trabalhos já conhecidos, como Monitor crayon, 2012, e Pontinho, 2017, ou de Geleia óptica, 2023 —esta, criada para Noite de verão. Além destes elementos, alguns próximos de uma estética kitsch, os trabalhos em exposição são formados por exercícios geométricos: compostos, sobretudo, pela adição ou subtração de círculos e esferas. O aspecto onírico também perpassa toda a exposição, dado pelo estranhamento causado pelas obras e reiterado no título, Noite de verão, é uma referência ao fenômeno no extremo hemisfério norte, no qual, durante a estação mais quente do ano, o sol permanece visível por quase 24 horas, provocando uma luminosidade singular.
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