A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar, entre 20 de abril e 24 de maio de 2024, a primeira mostra do artista João Bez Batti (1940, Venâncio Aires – Rio Grande do Sul) em nossa unidade de São Paulo. João Bez Batti expõe regularmente desde a década de 1960. Entre os anos de 2006 e 2008, sua exposição “João Bez Batti: Esculturas” foi apresentada nas unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre do Instituto Moreira Salles.
A exposição na Galeria Marcelo Guarnieri reúne esculturas em madeira, cerâmica, basalto e bronze realizadas pelo artista ao longo de seus mais de 50 anos de produção e traz à São Paulo uma parte da sua coleção de seixos, formada por mais de mil unidades. As obras de Bez Batti revelam, em suas sinuosidades e protuberâncias, a relação que o artista possui com o universo mineral, uma relação afetiva que se constrói em conexão com outros elementos da natureza como a fauna, a flora e o curso das águas.
João Bez Batti inicia sua formação no Instituto Técnico de Desenho e ao completar 18 anos, dá continuidade aos estudos em arte no atelier de Vasco Prado (1914-1998) e Zoravia Bettiol (1935), conceituados artistas gaúchos. Durante as décadas de 1960 e 1970, dedica-se ao trabalho com a madeira, produzindo torsos e cabeças em nogueira, louro e canjerana. Já na década de 1980, expande seu vocabulário, experimentando o formato tridimensional através de materiais como o mármore, o bronze e finalmente o basalto, com o qual desenvolverá uma relação especial e duradoura.
Seu contato com a escultura e com o universo mineral remonta à sua infância em General Câmara, quando brincava às margens do Rio Taquari coletando seixos e observando as formas das pedras moldadas pela força das águas. Já adulto, vivendo no interior de Bento Gonçalves, pôde preservar aquele hábito, morando próximo ao Rio das Antas, nascente do Taquari. Assim foram surgindo os contornos e os volumes de suas peças, arredondados e irregulares, provenientes da diversidade de formas de vida que constituem o curso de um rio: não só pedras, também sementes, frutos, bichos como peixes e cobras, galhos e os seus espinhos. Além das formas, Bez Batti aprendeu, através do contato com essas criaturas, a trabalhar em uma temporalidade mais distendida, prática que se evidencia na habilidade de lidar com a resistência de um material como o basalto, produzindo curvas e texturas que exigem do artista a paciência de muitas minúcias.
Assim como o ato de formar e revisitar sua coleção de seixos permite a Bez Batti um contato com outros tempos, como o de sua infância, o basalto lhe aproxima de um passado (ou um futuro) ainda mais longínquo, dada a sua durabilidade. Desse modo, seu interesse pelo basalto também passa pela relação que possui com culturas antigas, por ser um material que dá testemunhos, tão bem preservados, dos primórdios de nossas civilizações. Bez Batti transita entre tempos, mas também entre espaços, investigando as formas da Terra como em “Floração”, “Bólido de Espinhos” e “Touro”, ou de outros corpos celestes como em “Relevo lunar” e “Planeta arrasado”. São contrastes que se traduzem visualmente em suas peças, cujas composições podem variar entre a pedra polida e a pedra bruta.
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