“A tela me dá ordens do que preciso fazer para completá-la, e eu tenho que obedecer”, disse o artista Jim Shaw sobre seu trabalho. Thinking the Unthinkable, primeira exposição do artista com a galeria (que anunciou sua representação em 2021) traz a produção recente de Shaw, em que ele retoma temas mitológicos mesclados a fatos marcantes da história política e do entretenimento de massa, campos aparentemente díspares que em suas telas surgem numa figuração onírica e surreal. As personagens que povoam essas imagens representam aquilo que Catherine Taft descreveu no Gagosian Quarterly, em 2022, como “um limbo norte-americano: águas turbulentas pelas quais o artista segue cada vez mais fundo”. Shaw fala sobre a iconografia da exposição: “Símbolos conflitantes estão espalhados por toda parte, incluindo a nuvem em forma de cogumelo, o pilar, o ovo, o alfabeto e o oceano”. O título da exposição, que sugere tanto um contexto psicodélico quanto a impossibilidade de examinar nossa própria consciência, é adaptado do livro de Herman Kahn de 1962 sobre guerra nuclear, Thinking About the Unthinkable (Pensando sobre o impensável). Thinking the Unthinkable explora a figura arquetípica da Deusa, que para Shaw se mescla à tese de Marshall McLuhan sobre o impacto social paradigmático do desenvolvimento do alfabeto fonético, e ao argumento de Leonard Shlain de que as norma culta da linguagem escrita restringiu o status da mulher e embotou o potencial da religião matriarcal. Em Cadmus Sowing the Teeth of the Slain Serpent (2022), Shaw retrata o herói grego plantando as sementes do alfabeto e gerando os pais guerreiros de Tebas, enquanto que em Going for the One (2022) ele lança Raquel Welch como Shiva/Kali, o deus/desejo de destruição e renascimento, demolindo a sede da 20th Century Fox. Esse último cenário se entrecruza com outro tema fundamental da exposição: a bem-humorada desconstrução da lenda de Hollywood. ‘Eu vinha pesquisando a história dos psicodélicos e do poder”, lembra Shaw, “o que me levou a Cary Grant (que foi, antes de Timothy Leary, o mais enfático defensor do ácido), o que me levou a Esther Williams e sua viagem de ácido, que me lembrou sua versão pessoal de seu romance com Jeff Chandler”.
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