A Bortolami apresenta sua terceira exposição individual com a artista brasileira Marina Rheingantz. Iris reúne uma série de abstrações turvas, pinturas a óleo e têxteis, resultado de uma pesquisa altamente sensível e afetiva sobre fenômenos muitas vezes imperceptíveis, mas intensamente sentidos — mudanças geológicas e meteorológicas, o fluxo das marés e eventos atmosféricos. Rheingantz desenvolveu um estilo característico que combina camadas de tinta veladas com aplicações empastadas e pontilhadas, servindo para descrever o que existe além do olhar direto, enraizado em acontecimentos em curso. Embora traduções topográficas — o abismo entre um lugar e sua lembrança, bem como as entropias que inevitavelmente o atravessam — sigam informando sua prática, a interpretação cada vez mais atenuada da artista sugere uma sensibilidade voltada ao ambiente, e não à literalidade.
Iris, a exposição, é um panorama abrangente do dinamismo ilimitado das geografias e de uma compreensão do mundo natural mediada por suas próprias condições ambientais. A pintura que dá título à mostra é uma tela vertical em cinza cadete, irrompida por pinceladas amarelas cintilantes que parecem se condensar em profundezas de cinza fuligem. A acumulação de óleos coagulados na superfície poderia remeter ao registro minucioso das pétalas de uma flor — uma insistência da natureza em escapar de qualquer desenho rígido, mesmo diante de sua propensão à repetição. O conjunto de marcas verticais arrastadas, aparentemente espontâneas, poderia igualmente conter um gramado inteiro dessas flores em dança. Ou estaríamos, em vez disso, olhando através de uma lente complexa — como a íris do olho? Parece que tocamos brevemente a representação apenas para vê-la se dissolver em uma proposta de ordem metafísica.