A exposição Iole de Freitas + Matthew Lutz-Kinoy + Trisha Brown abre no dia 29 de fevereiro na Carpintaria, Rio de Janeiro, traçando caminhos entre as obras de cada artista, as artes visuais e os modos expressivos da dança. Desenhos, pinturas e esculturas formam uma teia de relações entre movimento e repouso, gesto e espaço, corpo e matéria.
Desde a década de 1980, Iole de Freitas (1945 – ) trabalha principalmente com esculturas e instalações. As Arruaças (2022), esculturas de policarbonato e hastes de aço expostas, não tramam um volume, nem completam umas às outras, mas formam torções de planos em relação à sala, se interrompendo mutuamente. Cada escultura é autônoma, mas essa autonomia é solidária à situação ambiental constituída pelo conjunto, como o tecido movente de dançarinas chama a atenção às distâncias entre elas, aos intervalos e desencontros entre seus movimentos sincopados. Como se respondessem a correntezas invisíveis do ar, as Arruaças instauram uma rede de latência e direções possíveis.
Trisha Brown (1936 – 2017) redefiniu a dança contemporânea. Nos seus dispositivos coreográficos, mesclava parâmetros rígidos à improvisação livre para ver como “o movimento revela estruturas, e as estruturas revelam o movimento”. O seu projeto envolvia desvincular a dança da configuração cênica determinada pela subordinação do gesto à música. As obras dessa exposição, desenhos de grandes dimensões feitos entre 2002 e 2006, foram executados em performances ao vivo, no estúdio ou no palco. Brown traduz a espontaneidade e liquidez da improvisação livre em grafismos abstratos de carvão, distribuindo sobre o papel marcas indexicais, rastros do dispêndio físico.
Em sua produção, Matthew Lutz-Kinoy (1984 – ) frequentemente escora-se em sistemas como a arquitetura, o paisagismo e as artes do corpo para orientar suas composições. Lutz-Kinoy declara que ele toma emprestado de coreógrafos a ideia de uma perspectiva aérea, posicionada diretamente acima do espaço, que permite uma visualização privilegiada de corpos em movimento. The Red G Dances Under a Pink Roof (2023), umas das 4 obras obras do artista que integra a exposição, revela particularmente bem esse modo de percepção que, diferente da vista frontal, permite enxergar trajetórias, transições e distâncias relativas no amplo espaço vazio, que aparece como reservatório de ocupações potenciais.
Os trabalhos mostrados neste diálogo transcrevem o movimento, impalpável e intangível, em matéria. Num acúmulo de síncopes, a ação se converte em espaço.
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