A mostra, organizada e já exibida pelo Instituto Moreira Salles em São Paulo, reúne fotos e filmes dos tempos em que a artista viveu em Milão, Londres e Nova York. Pouco conhecidas pelo público brasileiro, as obras também abordam temas como o movimento e a passagem do tempo
Na década de 1970, Iole de Freitas vivia em Milão, em um ambiente de efervescência política e cultural; as galerias e museus da cidade mostravam obras da arte povera, da body art e da arte conceitual, e artistas mulheres ganhavam inédita proeminência no circuito de arte. Iole, que ficaria conhecida posteriormente sobretudo por sua produção escultórica, vinha de uma experiência de 18 anos com dança contemporânea e, na cidade italiana, começava a se lançar a performances silenciosas, sem audiência, nas quais se fotografava ou se filmava, muitas vezes lidando com a dispersão de sua própria imagem em fragmentos de espelhos, com os quais interagia nessas performances. Assim, construía um dos trabalhos mais originais de sua geração, numa interseção entre body art, performance e filme experimental.
Os trabalhos dessa fase inicial da carreira da artista são o foco da exposição Iole de Freitas, anos 1970 / Imagem como presença, em cartaz no Paço Imperial, com curadoria de Sônia Salzstein, professora de história e teoria da arte e diretora do Instituto de Estudos Brasileiros da USP. A mostra, que tem assistência de curadoria do pesquisador Leonardo Nones, traz uma seleção de 18 sequências fotográficas, 9 filmes e 3 instalações, sendo a maior parte pouco conhecida ou até mesmo inédita para o público brasileiro. No Paço, a mostra foi adaptada para ocupar metade do primeiro andar (antessala Gomes Freire, sala Gomes Freire, sala 13 de maio, sala do trono e sala do dossel), e ganhou uma sala documental, com originais e fac-símiles. Além disso, o Paço Imperial já conta com uma escultura da artista que está localizada no mesmo pavimento ocupado pela exposição.
Sobre o período abarcado pela mostra, a curadora comenta: “A radicalidade do debate político europeu da época coincidia com as primeiras experiências da arte conceitual e da body art e com manifestações em que os afetos e as vulnerabilidades do corpo do artista eram questões cruciais. A década de 1970 testemunha a vibrante presença de Iole e, em geral, de artistas mulheres no circuito de arte mais arrojado do período e, não por acaso, ela comparecia em exposições ao lado de outras artistas pioneiras na exploração da imagem fílmica em seus trabalhos.”
© 2024 Artequeacontece Vendas, Divulgação e Eventos Artísticos Ltda.
CNPJ 29.793.747/0001-26 | I.E. 119.097.190.118 | C.C.M. 5.907.185-0
Desenvolvido por heyo.com.br