A Casa Bradesco, centro de criatividade que democratiza e potencializa a criação e apreciação das artes, inaugura sua programação na Cidade Matarazzo com a exposição “Inflamação”, de Anish Kapoor. De 15 de setembro a 15 de janeiro, o espaço convida o público a explorar a “Blinded by Eyes, Butchered by Birth”, uma obra inédita criada exclusivamente para a Casa Bradesco, junto com outras 18 esculturas representativas de diferentes momentos da carreira do aclamado artista – muitas delas exibidas pela primeira vez no Brasil. Com quatro mil metros quadrados de área expositiva e curadoria de Marcello Dantas, a mostra oferece um olhar profundo sobre as criações de Kapoor.
Considerado um dos nomes mais importantes da arte contemporânea, Anish Kapoor é conhecido mundialmente por explorar cores, texturas, materialidade, espaço e a relação entre o objeto artístico e o espectador em suas obras. Em seu trabalho, tais substâncias estão presentes desde os reflexos mais sublimes na superfície líquida até os infinitos de seus vazios. “Vermelho é a cor da terra, não é uma cor do espaço profundo; é, obviamente, a cor do sangue e do corpo”, declara o artista. Para a mostra “Inflamação”, Kapoor ajudou a definir várias características do espaço expositivo, desafiando a arquitetura do local para expandir as possibilidades de significação. É o caso da obra central, “Blinded by Eyes, Butchered by Birth”, um inflável de grandes proporções que tensiona o edifício por todos os seus cantos. Concebida especialmente para a mostra no Brasil, a obra evoca uma relação com a inflamação concentrada em um gigantesco órgão, que pulsa e domina o espaço. A condição que carrega é a fragilidade essencial da existência: o que mantém a obra viva é uma pulsação constante, ela é viva e dominante. “Tenho o prazer de fazer esta exposição na Casa Bradesco, dentro da Cidade Matarazzo. A nova obra “Blinded by Eyes, Butchered by Birth” infla para preencher, ocultando a arquitetura e ocupando o espaço como forma. Ela contém uma ausência intrínseca – um presente ausente – um não-objeto,” esclarece.
E se um espelho fosse capaz de revelar como somos por dentro? É com esse questionamento que Marcello Dantas propõe uma exposição do trabalho de Anish Kapoor. O tríptico “Internal Object in Three Parts” (foto acima, de 2013-15), criado a partir de camadas de silicone e tinta, lembra pedaços de carne sangrenta e tendões. “Os sinais da inflamação são cinco, sendo comuns em praticamente todos os processos infecciosos no corpo humano. Esses indicadores são: rubor, calor, dor, edema e perda de função. Mas a inflamação é também o ato de colocar em chamas, e representa, ao mesmo tempo, uma resposta do corpo à infecção e uma resposta social na forma de um levante (“inflamar-se por uma causa”),” aponta o curador.
Para Dantas, a era em que vivemos é um estado de permanente inflamação, o que fala de um tempo em que o indivíduo e o coletivo estão em alerta, continuamente à flor da pele, diante da impossibilidade de cura e do desejo de transformação, ou seja, é a energia da mudança. É nesse contexto que obras como “Wound” (2009) produzem um efeito hipnótico com a possibilidade de vislumbrar dois mundos: o de fora e o de dentro. “Anish Kapoor explora a natureza não verbal da cor com um simbolismo pré-verbal. Sem necessidade de palavras ou mesmo pensamento articulado, ela funciona como uma rota direta e visceral para a metáfora – o sangue, material essencial,” completa.
A exposição conta ainda com obras mais recentes do artista, as non-objects (de 2018 e 2019), montadas pela primeira vez no Brasil, são feitas com nanotecnologia Vantablack. O material detém o selo de substância mais escura já produzida pelo ser humano, absorvendo até 99,96% da luz visível. Desde 2016, Kapoor trabalha com este material para explorar temas como escuridão, interioridade e o vazio.
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