Desenhista, pintora, gravadora, performer, artista multimídia, Monica Barki compõe sua trajetória artística transitando entre as mais variadas técnicas, o que desempenha com reconhecida destreza. Em “Histórias Particulares”, mostra individual que será inaugurada no dia 10 de outubro na Galeria Patrícia Costa, ela revela uma nova faceta: a de escultora. Suas peças em cerâmica “poéticas e fabulares”, como descreve Vanda Klabin em seu texto curatorial, foram produzidas entre 2022/2024, apontando um caminho nunca antes enveredado pela artista ao longo da carreira iniciada no final da década de 1970. Pinturas em acrílica e óleo sobre tela complementam a seleção de obras em exposição.
Monica Barki teve seu primeiro contato com o barro em 1986, nas aulas de cerâmica com a artista Celeida Tostes, na EAV-Parque Lage. Inquieta e curiosa, décadas mais tarde, em 2020, Monica colocou literalmente a mão na massa (ou melhor, no barro).
“Tive vontade de mergulhar na fisicalidade da matéria, trabalhar com as duas mãos simultaneamente, espremendo o barro, me surpreendendo com o que surgia. Sem racionalizar, apenas sentindo o barro. Pouco a pouco ele foi, por si só, me mostrando um caminho. Aconteceu algo bem particular nesse processo. Trabalhando no ateliê com meus netos, eles foram me ensinando a beleza da simplicidade no fazer. As formas sinceras e expressivas das crianças me inundam de vitalidade para seguir minha pesquisa”.
“Germinações” – Explosão de uma grande peça origina série
Uma explosão dentro do forno de cerâmica quebrou integralmente a escultura “Mergulho Ornamental II”, de grandes proporções.
“Resolvi catar todos os fragmentos e trazê-los para o ateliê. O meu desejo de reconstruir algo com aquela quantidade enorme de cacos era tamanho, que mal conseguia dormir. A minha inquietude ao querer colocar algo de pé era forte, mas a cada tentativa, os fragmentos desabavam das minhas mãos. No entanto, não me cansava e tentava de novo reerguê-los”, diz Monica.
Então, a partir da união de cacos e acrescentando outros materiais inusitados, que desenvolveu a série de esculturas “Germinações”, que será apresentada nesta individual. Os nomes das obras são instigantes, bem como a proposta de cada uma delas: “Desfile das atrevidas”, “Germinando falantes”, “Susie Von Juice (esperando Antônio)”, “No Vale das lágrimas”, “Fracturas cadenciadas”, “O Boa-vida”, “Snack”, “Nowhere man”, para exemplificar, tiveram incorporados elementos como meias de náilon, tecidos, rendas, espuma, pedras portuguesas, bobs e grampos de cabelo, seixos de rio… “Romance”, cerâmica esmaltada com borracha pigmentada, ganha ainda mais ludicidade girando sobre um disco motorizado.
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