“A trajetória de vida e o tema de sua produção fazem de Hélio Melo um artista único no panorama brasileiro do século 20”, é o que diz o curador Jacopo Crivelli Visconti em trecho do texto de parede que apresenta a exposição Hélio Melo, em cartaz na Almeida & Dale Galeria de Arte. As características que o diferenciam de outros artistas vão do fato de sua obra não ser autobiográfica, mesmo que com uma precisão para trazer suas próprias experiências; o trabalho que transcende a denúncia explícita e cria imagens e alegorias para sintetizar a violenta transformação social e da paisagem; a denúncia e defesa estarem intrínsecas em seus desenhos e pinturas aparentemente despretensiosos; e uma forma de expressão que “consegue ser um retrato da violência, da beleza, da destruição e da imensidão sublime da floresta, de sua existência silenciosa, profunda, insubstituível”, diz Jacopo. Nascido e criado num seringal, Hélio Melo (1926-2001) foi seringueiro, catraieiro, barbeiro, vigia, escritor, poeta, músico e artista. A partir do final dos anos 1970, depois de ter se mudado para Rio Branco e ter passado a pintar a floresta de memória, participou das primeiras exposições da região, chamando a atenção de importantes artistas e críticos, como Sergio Camargo e Frederico Morais, que se tornaram grandes admiradores de seu trabalho. “Na grande maioria de suas obras, a cena é estruturada de maneira bastante convencional, com um primeiro plano rente ao chão, formado por plantas baixas ou grama alta, elementos verticais (basicamente árvores) que fecham a cena dos dois lados e, no espaço delimitado por esses eixos, os personagens. Trata-se de uma construção teatral ou cinematográfica do espaço que sugere, portanto, uma encenação e uma mise en scéne, não uma reprodução plana, direta e ingênua da realidade”, diz Jacopo. A exposição traz a floresta retratada por Melo e segue atual mesmo depois de pouco mais de 20 anos de sua morte, ancestral, mítica e fabulosa. “Um organismo que alimenta e é alimentado, que somatiza as violências e a destruição, que chora junto com os animais, que se emociona, sofre e, à sua maneira, fala (…) Direta ou indiretamente, vários desenhos e pinturas de Melo sugerem que é a partir da floresta que as coisas se organizam e se estruturam, e explicitam a equivalência entre os personagens que aparecem em cena”, escreve Jacopo para o livro que está sendo preparado sobre o artista, com lançamento no dia 15 de abril.
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