O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, inaugura o Programa de Exposições 2023 com a mostra Bará, do artista mineiro Gustavo Nazareno, sua primeira individual em uma grande instituição paulistana. A realização tem destaque no primeiro conjunto de exposições temporárias após o falecimento do fundador e diretor curador da instituição, Emanoel Araujo, com quem a exposição foi firmada pessoalmente em 2021. Com curadoria de Deri Andrade, pesquisador e curador convidado, o conjunto composto por cerca de 150 trabalhos, entre pinturas a óleo sobre linho e desenhos em carvão, reflete a pesquisa à qual o artista tem se dedicado nos últimos anos. Em 2019 Nazareno concebeu a série de desenhos em carvão denominada Bará, como uma cerimônia em forma de oferenda para uma qualidade de Exu – Elegbara. Partindo das suas inspirações por contos de fada, fabulação e sua fé em Exu, o artista propõe, através dos desenhos, “uma fábula que percorre o dia em que esta cerimônia aconteceu, uma segunda-feira, dentro de um mundo criado para o Orixá”. O artista propõe que “o visitante se torna um convidado neste mundo que crio, passando pelas fases do dia e características do espaço retratadas em pintura e desenhos em carvão”. Deri Andrade observa que as bases desta mostra são a técnica particular em pintura e desenho de Nazareno, que parte de um referencial renascentista e o seu interesse pelas epistemologias dos Orixás. “Para além de uma questão religiosa, Gustavo Nazareno imagina imagens que contam uma história a partir das fábulas que escreve, tendo como ponto de partida referenciar essas entidades, com respeito e muita beleza, construindo uma nova imagética para elas”, conclui o curador.
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