Traversing Distance, Enduring Bonds
From where I am | I am already gone, a primeira exposição individual de Fernanda Galvão nos Estados Unidos, aborda o deslocamento, a impermanência e a sustentabilidade das relações na vida contemporânea. A mostra reflete o percurso da artista por diferentes países, culturas e paisagens desde que deixou sua cidade natal, São Paulo, Brasil. O título da exposição, inspirado pelo poeta brasileiro Manoel de Barros (1916–2014), encapsula o sentimento de estar em trânsito—tanto física quanto emocionalmente—enquanto contempla a fragmentação da identidade que surge ao estar longe de casa. Como Barros, Galvão busca os aspectos inomináveis e indefiníveis da existência.
As obras de Galvão convidam os espectadores a questionar as fronteiras entre lar e identidade, oferecendo uma visão poética da vida contemporânea e refletindo a realidade de alguns artistas latino-americanos que migram para a Europa. A exposição é fruto de uma estreita colaboração com a curadora brasileira Luana Fortes, que apresenta um texto curatorial em forma de carta, compartilhando o processo colaborativo por trás da mostra. Esse formato espelha a interseção entre o pessoal e o profissional, transcendendo barreiras geográficas.
O conjunto de obras da exposição emerge das referências visuais que Galvão e Fortes compartilharam de plantas, criaturas e paisagens que cercam suas vidas cotidianas, desde o bairro onde a artista vivia até a atual residência da curadora. O resultado é uma mistura de imagens que vão do centro econômico de São Paulo ao deserto californiano de Joshua Tree, mercados de peixe em Seul e jardins majestosos de cidades como Paris. As pinturas e desenhos de Fernanda Galvão mesclam elementos reais e imaginários, criando lugares que se diferenciam do que as pessoas estão acostumadas a vivenciar. Essa é a forma da artista de contemplar um futuro possível em meio à catástrofe climática.
A insustentabilidade do estilo de vida humano atual é uma questão central nas pinturas de Galvão, que apresentam seres diversos, mas nunca humanos. Sua pesquisa contínua explora o mundo das plantas, climas e criaturas, referenciando espécies que ela descobre em suas andanças, ilustrações de livros e insights derivados de filmes e literatura de ficção científica. Por meio de sua arte, Galvão cria um glossário de seres vivos. Os espectadores podem reconhecer essas formas como espécies familiares ou ecos de obras anteriores da artista. No entanto, à medida que Galvão se distancia de São Paulo e se imerge em culturas diversas, suas referências mudam, afastando-se cada vez mais de suas origens e ganhando força onde a impermanência prevalece.
Essa confluência de referências nas obras de Galvão enfatiza a importância da natureza como lente para imaginar futuros possíveis. Ficção ou não, as pinturas de Fernanda Galvão nos convidam a considerar um mundo onde resiliência e cuidado podem moldar o futuro, oferecendo reflexões sobre a vida contemporânea.
— Luana Fortes
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