O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 22 de março a 28 de julho de 2024, Francis Bacon: a beleza da carne, que ocupa o espaço expositivo no 1o andar do museu. Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, Laura Cosendey, curadora assistente, MASP, e assistência de Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, MASP, a exposição pretende evidenciar como o artista, com sua pintura inovadora e impactante, abriu caminhos para a presença queer na cultura visual.
Cobrindo mais de quatro décadas de trabalho do britânico, a mostra, com patrocínio master do Nubank e patrocínio da Vivo, reúne mais de vinte obras de Bacon, desde as décadas iniciais de sua produção até os anos 1980, e é acompanhada de um catálogo com ensaios inéditos. As obras provêm de empréstimos de museus como Tate (Inglaterra), MoMA (Nova York), Metropolitan Museum (Nova York), Museum Boijmans van Beuningen (Países Baixos), Museu Tamayo (México), Fondation Beyeler (Suíça), Stedelijk Museum (Países Baixos), entre inúmeras outras instituições de renome internacional e coleções particulares.
Francis Bacon (Dublin, Irlanda, 1909—1992, Madrid, Espanha) é considerado um dos mais importantes pintores da arte do século 20, com mais de seis décadas de produção. Filho de pais ingleses, teve uma infância difícil, em um ambiente familiar violento. Aos dezesseis anos, foi expulso de casa por seu pai e, após passar um período em Berlim e em Paris, fixou-se em Londres a partir dos anos 1930, onde iniciaria sua carreira como artista. Bacon construiu uma obra contundente e marcante, tornando-se um nome fundamental para a renovação da pintura figurativa.
O artista voltou-se especialmente para as figuras masculinas, seu objeto de desejo, em retratos e nus. A exposição apresenta retratos de homens com quem ele teve relacionamentos marcantes, como Peter Lacy (1916-1962) e George Dyer (1934-1971), além de outras figuras importantes em sua vida, como seu companheiro próximo John Edwards.
O título da mostra, A beleza da carne, faz referência a um relato do artista em uma das entrevistas conduzidas pelo crítico de arte e importante interlocutor ao longo de sua carreira, David Sylvester. Bacon conta que, ao se deparar com a vitrine de um açougue, refletiu: “[…] enquanto pintor, devemos lembrar que há essa grande beleza na cor da carne. […] Nós, obviamente, somos carne, somos carcaças em potencial. Quando vou a um açougue, sempre penso que é surpreendente que eu não esteja lá no lugar do animal”.
A fisicalidade do corpo é traduzida pelo artista em texturas espessas e oleosas, conferindo às figuras formas quase abstratas. As pinturas de Bacon reúnem em si uma grande variedade de fontes iconográficas, revisitando temas canônicos e combinando referências da história da arte com suas experiências pessoais e percepções sobre o corpo masculino.
“Seja em suas obras iniciais, que muitas vezes transgrediam símbolos da cristandade, ou naquelas que retratavam nus masculinos, a fisicalidade do corpo também é matéria central de sua obra”, analisa a curadora Laura Cosendey. “Essa simbologia da carne por Bacon condensa em si extremos: o espiritual e o animal, o frescor e a putrefação. Ela é a própria materialidade de nossa existência ‘em carne e osso’, mas também é ícone do desejo carnal, do instinto natural do corpo”, finaliza.
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