Fato Gato, projeto dos artistas Ana Dias Batista e João Loureiro para a Capela do Morumbi, parte dos gatos de rua que frequentam o lugar. Assíduos mas fugidios, os gatos se deixam avistar pelo visitante ocasional, movendo-se pelos cantos, furtivos. Na maior parte do tempo, contudo, convivem amistosamente com os funcionários da Capela – um vigia, uma faxineira e um educador. As relações desses personagens se desenrolam cotidianamente, alheias à atividade-fim do espaço. Trata-se de um edifício cuja finalidade utilitária, historicamente, nunca se realizou. Os furos nas paredes de taipa sugerem que a construção original, datada do início do séc. XIX, tenha se arruinado antes de ser concluída. Contratado para restaurá-la pelo grupo que loteou os terrenos do Morumbi nos anos 1940, o arquiteto Gregory Warchavchik incorporou as ruínas a uma Capela de estilo eclético, distante do modernismo que ele havia inaugurado nos anos 1920. A Capela não chegou a ser consagrada. A posição de marco histórico, forjada para valorizar o lançamento imobiliário dos “Jardins do Morumbi”, nunca se consolidou. Transformada em aparelho do Museu da Cidade, a Capela recebe poucos visitantes. A circulação dos gatos de rua contrapõe uma realidade bruta, vadia, ao partido suspensivo e anacrônico da arquitetura, e ao mesmo tempo reitera, melancolicamente, o isolamento do lugar. Ana Dias Batista e João Loureiro não ocupam, com obras, o interior da Capela. No jardim lateral, cultivam erva-dos-gatos, uma planta de efeito psicoativo sobre gatos domésticos e outros felinos. O restante de sua intervenção ocorre no telhado: uma estrutura para uso dos gatos, com escada, plataformas e tocas.
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