Marepe, “Fartura”, 2024. Foto: Édouard Fraipont. Cortesia do artista e Luisa Strina
Tendo como ponto de partida a pintura Fartura (2024), de Marepe, a exposição coletiva homônima, com abertura em 10 de julho, reunirá na Luisa Strina mais de vinte artistas de diferentes gerações e origens, cujas obras dialogam com aspectos formais, poéticos ou conceituais da obra de Marepe.
Participam da exposição: Adriano Costa, Allan Gandhi, Alexandre da Cunha, Alfredo Jaar, Ana Clara Tito, Anna Livia Taborda Monahan, Ana Mazzei, Arorá, Cildo Meireles, Dan Coopey, Darks Miranda, Felipe Seixas, Gabriel Branco, Hiram Latorre, Iagor Peres, Juliana dos Santos, Juliana Frontin, Marepe, Marina Borges, Palma, Paulo Nazareth, Pedro Wirz, Rodolpho Parigi e Tonico Lemos Auad.
Na pintura, uma figura com três pares de braços repousa ao lado de uma cesta repleta de frutos, que se espalham por suas mãos e dos galhos de uma árvore que invade a tela. A imagem oferece uma metáfora visual da abundância simbólica, material e afetiva que permeia a mostra.
Fartura nasce de uma noção crítica de abundância, valor que atravessa a trajetória de Marepe desde os anos 1990. Longe de apenas acumular ou ostentar, a ideia de fartura aqui remete à invenção incessante, ao uso poético de materiais simples e à vitalidade de práticas artísticas que, mesmo partindo de contextos periféricos, ecoam de forma universal. Marepe, que desde o início de sua carreira segue produzindo a partir de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, fornece um exemplo radical de permanência e reinvenção constante, cujas reverberações são sentidas ao longo de toda a exposição.
A mostra é um convite para repensar a abundância não como excesso descartável, mas como potência criativa, poética e coletiva que se manifesta em práticas artísticas contemporâneas.
Segundo a Diretora Artística da Luisa Strina, Kiki Mazzucchelli:
“Marepe reverbera na materialidade de artistas como Adriano Costa, Ana Clara Tito, Felipe Seixas, Paulo Nazareth e Pedro Wirz; seus icônicos Embutidinhos (2001) são refletidos no biombo assinado pelo duo Palma; seu Sangue de novela (2004), na poça de sangue de Marina Borges; o surrealismo de suas figuras em Allan Gandhi, Anna Livia Taborda Monahan, Darks Miranda, Iagor Peres e Rodolpho Parigi; a imagem do ovo, recorrente em várias obras pictóricas de Marepe, é trazida por Cildo Meireles, Dan Coopey e Pedro Wirz; a abundância da flora em Hiram Latorre e Juliana dos Santos; o bling como fartura está presente tanto nas fotografias de Gabriel Branco como na pá de lixeiro dourada de Alexandre da Cunha, que eleva a ferramenta de um trabalho considerado menor a objeto de valor; a contradição entre fartura e escassez impressa nos corpos dos trabalhadores que nos anos 1980 buscaram a prosperidade em Serra Pelada, registrada por Alfredo Jaar em imagens históricas, ecoa em ideias sobre excesso e escassez — desta vez como materialidade — nas obras de Arorá e Juliana Frontin. Por fim, as casas multiplicadas de Tonico Lemos Auad reforçam o sentido subversivo da permanência de Marepe em sua cidade natal.”
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