Duas exposições abrem o calendário 2023 da Mendes Wood DM em São Paulo. A primeira é Esfíngico Frontal, com organização do curador Germano Dushá. Nela, a inspiração é a esfinge, criatura mitológica com o corpo de um leão e uma cabeça humana, imagem icônica dos impérios grego e egípcio. A palavra “esfinge” deriva do verbo grego sphingein, que significa “amarrar” ou “espremer”. “Decifra-me, ou te devoro” era o mistério final da esfinge de Tebas na mitologia grega antiga: de acordo com a história, a esfinge observava cada viajante que passava por uma estrada. O viajante deveria resolver um enigma que decidisse o fim de sua vida ou um novo começo. A esfinge perguntava qual animal tinha quatro patas pela manhã, duas à tarde e três à noite. Se o viajante não conseguisse responder, o monstro as comeria. Mas a resposta à sua pergunta era a própria vida: as etapas do início, do meio e do fim da vida de um homem. A condição humana hoje, e o que a filosofia entende como o estado da arte – nível mais elevado de entendimento sobre uma ciência – determina o tempo do ser humano, mas quando o ignoramos e abraçamos nossa individualidade imposta, enfrentamos a solidão humana como um grande enigma dissolúvel. A História da Arte lida de maneira não-linear com a morte, com a falta e o vazio, e assim os artistas da exposição dão respostas estéticas para os enigmas da vida, do tempo e da morte. A assustadora realidade dos tamanhos e distâncias na pintura de Marina Perez Simão, corpos gelatinosos na escultura de Eva Fàbregas, o rosto misterioso em cerâmica de Luiz Roque, o corpo-linguagem do inglês Michael Dean são exemplos. O corpo é presente no cabelo automatizado de Samuel Guerrero, na alpinista sexual de Anna Uddenberg, nas poses limítrofes de Joanna Piotrowska, no corpo-flor de Castiel Vitorino Brasileiro, na transfusão entre humano e morcego de Lynn Randolph, na automação do corpo no trabalho de Berenice Olmedo, entre trabalhos de vários artistas. A segunda é a primeira individual de Kentaro Kawabata no Brasil, Butterfly Joint. A mostra reúne trabalhos contundentes do artista japonês, percorrendo quatro séries de esculturas em porcelana que atestam as recomposições da matéria e os ciclos de renovação da natureza. Butterfly Joint é também uma maneira simbólica de ver a produção do artista, no qual o artificial e o orgânico se encontram e constituem um todo.
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