De uma parceria entre o Itaú Cultural (IC) e o Instituto Tomie Ohtake nasce a exposição Ensaios para o Museu das Origens, reunindo uma rede de instituições culturais, museus e espaços de memória para conhecermos e homenagearmos as histórias de um país rico em narrativas, composto de diversas matrizes culturais e palco de lutas e reivindicações pelo direito de existir de seus povos.
A mostra se inspira no projeto do Museu das Origens, do crítico de arte, jornalista e professor Mario Pedrosa. Após o incêndio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) em 1978 – que destruiu 90% do acervo da instituição –, Pedrosa, integrando a comissão de reconstrução do museu, viu uma oportunidade para repensá-lo e reivindicar noções outras de arte e artista, propondo um novo caminho: a criação de cinco museus que, mesmo que organizados de maneira independente, seriam organicamente articulados.
“Em face da destruição total pelo incêndio do MAM, é imperativo que se tire uma conclusão lógica da catástrofe: o MAM acabou. […] A situação mudou. Os tempos são outros, ou mesmo a ideologia que inspirou os que o fizeram mais de vinte anos atrás, mudou. Daí a necessidade de chamar outras forças e o Estado para criar outro estabelecimento congênere, com outras finalidades”, escreveu Pedrosa em artigo na revista Arte Hoje em 1978. Sua proposta reunia o Museu de Arte Moderna, o Museu de Arte Virgem (formado a partir do Museu de Imagens do Inconsciente), o Museu do Índio, o Museu do Negro e o Museu de Artes Populares. Infelizmente ela não se concretizou.
A mostra Ensaios para o Museu das Origens, que tem abertura em 6 de setembro no IC e em 9 de setembro no Instituto Tomie Ohtake, apresenta reflexões sobre o que estava em jogo naquele momento e, em especial, sobre o que segue em jogo atualmente em nosso panorama político e cultural.
Em diálogo com diversas instituições, coletivos, pesquisadores e artistas, a exposição busca mobilizar o debate sobre as políticas de memória, sobre as formas como preservamos e difundimos as diferentes matrizes culturais do Brasil, aproximando-se do pensamento de Pedrosa naquilo que hoje chamamos de “descolonização das instituições e dos sistemas da arte”, em busca da democracia cultural.
A mostra se divide em cinco núcleos – três ocupam o espaço expositivo do IC, e os outros dois ficam em exposição no Instituto Tomie Ohtake. Cada núcleo possui uma roda de objetos e histórias que, com outros projetos de Pedrosa, nos ajudam a relacionar os cinco eixos de sua proposta. Junto a tais rodas estão núcleos documentais e conjuntos de obras de lugares de memória e instituições das quais nos aproximamos. Além dessa diversidade de conteúdo, alguns artistas foram convidados para elaborar contextos cuja complexidade ultrapassa a linguagem discursiva ou para alcançar questões hoje incontornáveis.
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