A exposição Tempo-Matéria traz cerca de 14 novas pinturas, inéditas, do artista carioca Dudu Garcia. Os trabalhos são da série RA 143, de 2023, nome que faz referência ao endereço do ateliê do artista, na Avenida Rodrigues Alves, zona portuária do Rio de Janeiro. “Os materiais que uso estão disponíveis ali. São pedras, cal, reboco, limo. Assim como a indústria trabalha com códigos de referência de produtos, e os astrônomos igualmente classificam assim os astros, gosto de usar esta nomenclatura, pois a obra diz respeito ao lugar e ao tempo em que foi produzida. E ao tempo contido na matéria-prima”, diz Dudu Garcia.“Acho interessante a arte caminhar em paralelo às ciências exatas. Hoje com as descobertas espaciais recentes vemos que o mundo físico cada vez se aproxima mais do metafísico. Acho que a arte tem um papel importante nessa discussão”. Ele acrescenta: “O acaso é meu sócio no trabalho”. A mostra, primeira individual do artista na Anita Schwartz, vai ocupar todo o espaço térreo do prédio na Gávea. Em seu processo de criação, em que os diversos materiais são aplicados em camadas sucessivas, e depois escavados, como em um sítio arqueológico, há considerável esforço físico do artista, em um trabalho corporal intrínseco. As pinturas de Dudu Garcia ficam na fronteira do ato escultórico. “Esses trabalhos sofrem muita ação minha na sua execução. Possuem fendas, fissuras, são peles castigadas. Diria que parte do processo é uma action painting, com muita entrega de corpo e alma, muitas decisões e renúncias”, comenta. A matéria e a passagem do tempo são assuntos de interesse do artista desde que começou a participar do circuito de arte, no início dos anos 2000. Embora sempre tenha desenhado, e a pintura tenha permeado suas atividades profissionais, Dudu Garcia passou a se dedicar à arte depois de uma bem-sucedida trajetória profissional na indústria da moda e em sound design. Na ruptura com o universo já trilhado e o mergulho no desconhecido, ele foi o primeiro artista a ocupar a antiga Fábrica Bhering, em 2005, onde permaneceu até se transferir para o galpão na Rodrigues Alves, em 2019. São vários os materiais empregados na pintura do artista: pigmentos naturais, materiais orgânicos e petróleo, que ele passou a usar como tinta em 2004, como comentário à necessidade de preservação do meio ambiente. As placas de linóleo, material usado em gravuras, técnica a que Dudu Garcia também se dedicou, também estão presentes em várias obras da exposição.
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