Em “Domingo no parque”, a radicalidade do trabalho da artista Renata Lucas se evidencia no confronto não apenas com a escala das três salas expositivas do museu, mas também a fachada e a praça em frente ao prédio da Pina Estação, localizada no Largo General Osório.
A exposição conta com ações externas. Na fachada do edifício, um grande letreiro estampa a frase “Amanhã não tem feira”, trecho da música de Gilberto Gil, que só pode ser lida inteiramente a partir da praça. Sob a ótica de uma tragédia amorosa, a música conta como um homem traído realiza um duplo assassinato, tendo como cenário um parque de diversões. A canção, composta em 1967, no contexto de ditadura civil-militar, torna-se chave para refletir sobre conflitos sociais maiores, expressos na realidade contraditória de grandes cidades como São Paulo. No dia da abertura, 9/11, um sorveteiro distribuirá ao público picolés de morango (também citados por Gil) que guardam versos da música no palito.
A segunda operação consiste em traçar e cortar um círculo de 6,4 metros de raio no Largo General Osório, como se fosse possível torcer parte da praça em sentido anti-horário, entrelaçando calçada e jardim. A obra é ainda uma reinterpretação da roda-gigante que Gil menciona na canção. Por último, a artista intervém na calçada do edifício: para acessar o prédio pela entrada principal, o público atravessa um grande carpete vermelho, repleto de intervenções com bitucas de cigarros, conectando o lado de dentro e o lado de fora.
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