A Galeria Lisson apresenta Distribuidx, uma exposição coletiva concebida como uma conversa entre o falecido Hélio Oiticica e um grupo de artistas intergeracionais com diferentes relações com a América Latina. A apresentação foi curada por César García-Alvarez, Diretor Executivo e Artístico do The Mistake Room em Los Angeles. Nascido no Rio de Janeiro, Oiticica é talvez um dos artistas mais influentes do período pós-guerra. Ao considerar seu legado, estudiosos e curadores transitam entre duas narrativas. A primeira traça seus avanços pioneiros na abstração, escultura, instalação ambiental, performance e cinema, enquanto a segunda detalha seu papel como uma figura contracultural que desafiou estruturas discursivas, sociais e institucionais estabelecidas. O que une essas diferentes histórias é o impulso de Oiticica pela invenção ao longo de toda a sua vida. Seja escrevendo sobre estados de libertação, estendendo visualmente os limites de um plano pictórico com formas inclinadas ou reorientando a arquitetura por meio de obras transitáveis, Oiticica estava profundamente comprometido em ir além das coisas que existiam para criar coisas que poderiam ser. A invenção é, por natureza, um ato espacial, pois trazer algo à existência força um rearranjo de tudo o que existe para acomodar o que foi criado. Esse ato também impulsiona os corpos a se tornarem mais do que simples formas no espaço – transformando-os em participantes de sua criação. Como tal, os corpos são imaginados como porosos ao mundo; moldáveis pelas experiências e, portanto, constantemente em transformação. Esse conceito foi fundamental para Oiticica e alimentou seu questionamento de noções de representação. Desde o abandono do plano bidimensional até a quebra da fronteira entre objeto e espectador, passando pela convocação de pessoas para criar paisagens experienciais, a trajetória da prática de Oiticica é, sem dúvida, uma de criação de espaços, ou como o falecido estudioso José Esteban Muñoz definiu, de criação de mundos. Suas ideias são a partitura que estrutura Distribuidx. A exposição não é um retrato do artista ilustrado pelo trabalho de outros, mas é informada pela teoria da pessoa distribuída de Alfred Gell, que afirma que não estamos limitados à nossa fisicalidade, mas existimos em todas as coisas que testemunham nossa existência. Nesta mostra, as contribuições intelectuais de Oiticica marcam sua presença – conversando com artistas que também desafiam concepções de espaço, corpo, representação e, por sua vez, identidade.
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