Texto de Marcelo Dantas, curador da mostra:
“Quase toda vida que conhecemos reside em uma camada que se estende de 7 km de profundidade nos oceanos até 7 km de altitude na atmosfera. O lugar mais inalcançável que podemos imaginar não está no Cosmos, mas nas profundezas de nosso próprio planeta: é lá que os grandes mistérios das origens residem. Essa exposição é uma exploração desse lugar imaginário e real, feito com instalações e obras de arte contemporâneas criadas por Denise Milan, que, há 40 anos, busca tesouros nas rochas e cavernas do Brasil.
O Drama da Matéria, aspecto mais intrigante desse processo de Milan, é a busca pela escultura criada pelo impacto de eventos de tempos remotos, antes de toda vida e razão. Seu olhar decifra o que permanecia adormecido, identifica formas, reconhece os rompimentos e revela a fluidez. O cristal emerge dessa narrativa, antecede a vida por vir e guarda em si uma memória da energia vital que a tudo formou.
É uma aventura (entre abismos, rochas e infinitos, águas e minérios), que revela, no centro de São Paulo, um portal para o fantástico mundo subterrâneo, inspirada em imagens do romance clássico Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne, no livro científico La Terre avant le déluge, de Louis Figuier (que discutia geologia e paleontologia), e em um mapa do alquimista Arne Saknussemm, original do século XVI e revelava o caminho ao centro da Terra.
O visitante, ao percorrer a exposição, deparase com um ambiente de múltiplas camadas: espelhos que multiplicam o espaço e sugerem a infinitude do desconhecido; formações rochosas que remetem à solidez da terra e à sua fragilidade; e fluidos que se petrificam e evocam os ciclos naturais de criação e transformação. No coração dessa viagem, Milan nos convida a experimentar um portal para o desconhecido, em que ciência, arte e ficção convergem, revelando um mundo subterrâneo repleto de mistérios, imaginação e possibilidades.
Com Viagem ao Centro da Terra, o Farol Santander se transforma em um ponto de encontro entre passado, presente e futuro, entre o imaginário e o real, no qual a exploração do subterrâneo é uma metáfora para a busca incessante do ser humano pelo autoconhecimento e pela compreensão dos mistérios da existência.”
MARCELLO DANTAS
Curador
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