A Pinacoteca de São Paulo apresenta a primeira ocupação de um artista indígena no Projeto Octógono Arte Contemporânea da Pinacoteca Luz, a Escola Panapaná. A instalação de Denilson Baniwa, um dos mais proeminentes artistas de sua geração, é uma construção em três pavimentos concebida para ser um espaço experimental de aulas de línguas e culturas indígenas, arte e música, com curadoria de Renato Menezes. Indígena do povo Baniwa, Denilson mostra que, para a sua comunidade, a educação deve ser pensada como um modo de construção de um mundo para quem ainda não nasceu. Na instalação Escola Panapaná, o artista propõe um experimento artístico-pedagógico colaborativo, traduzido, no mundo não Baniwa, como escola. Denilson traz para o coração da Pinacoteca Luz uma oportunidade para que os visitantes entrem em contato com a cultura de diversas comunidades, como os Baniwa e os Guarani, através de aulas e práticas que discutem os princípios básicos de comunicação, a origem da língua desses povos, sua produção artística, tradições e modo de se relacionarem com a fauna e a flora. Dentro das temáticas que aborda em sua produção e pesquisa, Denilson se propõe a revisitar materiais históricos iconográficos, buscando uma nova perspectiva sobre o que é ser indígena fora do imaginário social construído ao longo dos séculos. A educação, para o artista, é um meio para que a história dos povos indígenas, em toda a sua diversidade, possa ser repensada e reescrita, a partir da perspectiva própria de cada comunidade. “Denilson Baniwa é mestre em alterar nossa percepção das coisas. Há três anos, Denilson plantou e cultivou um jardim no estacionamento da Pinacoteca Luz, mudando nossa experiência naquele lugar. Dessa vez, dentro do Octógono, ele não somente muda nosso ponto de vista, como também indica que o museu é um espaço de interação, de troca e de aprendizado. A Escola Panapaná só acontece em sua plenitude quando as pessoas se encontram, conversam e pensam juntas”, conta Renato, curador da exposição. A palavra Panapaná, que tem origem tupi e designa o coletivo de borboletas, permite uma analogia com o coletivo de pessoas que frequentam a Escola. No início, um grande casulo se apresenta aos visitantes. À medida que as ativações forem acontecendo, um par de asas vai se abrindo, até que uma mariposa se apresenta pronta para alçar voo. Nessas asas vêm estampada a sílaba gráfica da mariposa tal como aparece na cestaria do povo Baniwa, exímio trançador de palha.
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