Ao som do grave batendo na caixa de som, a exposição CyberFunk – Tecnologias de Uma Cidade Ritmada estreia no Museu do Amanhã em 12 de julho,trazendo uma realidade marcada pelas relações entre a cidade do Rio de Janeiro e as tecnologias da diáspora negra. A mostra coletiva foi concebida pelo Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) – apresentado pelo Santander Brasil – em parceria com o artista-curador Pedro Pessanha, e agora ocupa esse mesmo espaço, localizado no átrio do Museu do Amanhã.
Em sua pesquisa e trabalho artístico, Pedro Pessanha pensa em um baile funk como espaço de criação. Nele, surge uma diversidade de sons, de expressões corporais e de coreografias, além de ser um ambiente onde florescem estéticas próprias. Ele crê na pista do baile como, sobretudo, um marco territorial de onde nascem tecnologias hackeadas a partir das hegemônicas e se configuram reflexões sobre a cidade e possibilidades de futuros.
Em CyberFunk, o universo do funk não se resume à música – embora seja parte indissociável dele. O paredão sonoro é a linha que costura a arte expressa em diferentes formatos, como a moda e a ilustração, com a reflexão sobre territórios. Os artistas e escritores são convidados para dialogar com o movimento CyberFunk e, unidos, compõem o baile imaginário e futurista proposto por Pedro Pessanha, que desenvolveu uma série de ilustrações digitais para a exposição.
“CyberFunk te convida a escutar as tecnologias que permitem com que nossos tambores continuem marcando a paisagem sonora da cidade. Projetamos as cores de um encontro antigo com maquinário novo”, escreve Pedro Pessanha. E continua: “Como os ritmos que inventamos hoje vão ressoar no tempo?”.
Os artistas colaboram com essas reflexões, cada um à sua maneira. No som, o coletivo de música e agência criativa Escola de Mistérios convida a dj Vicx para contribuir com a instalação sonora, com uma oficina de produção musical; já o projeto musical Africanoise colabora com o EP CyberFunk, parte da instalação sonora presente na exposição. Ainda nesse eixo temático, a exposição conta com um ensaio inédito do jornalista, curador e pesquisador musical GG Albuquerque, que defende: “Nas pretitudes sônicas da diáspora negra, o pensamento é parte do movimento da vida”.
“É uma alegria receber Cyberfunk, que traz olhar e reflexões originais sobre futuros. O Museu do Amanhã deseja ser sempre local de encontro das mais diversas perspectivas, e agora abre espaço para jovens artistas, músicos e pesquisadores que retratam som, moda e territorialidade a partir de um Rio de Janeiro futurista.”, afirma Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã.
Compondo o time de pensadores sobre territorialidade estão Gean Guilherme, idealizador da 2050, laboratório de arte e tecnologia do morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro; e Obirin Odara, pesquisadora e idealizadora da página ‘Não Me Colonize’.
Já no time dos artistas da moda estão bernardo pormenor – criador da marca “pormenor” na Zona Norte carioca – que contribui com uma peça exclusiva; e Rachel de Oliveira Vieira, pesquisadora de moda e comunicação, que colabora com um texto inédito sobre as relações entre moda e a construção de identidade.
Relacionando-se com o tema central do ano no Museu, que trata em suas programações as “Inteligências”, CyberFunk é a segunda exposição de 2024 apresentada pelo Laboratório de Atividades do Amanhã – LAA, espaço de experimentação, inovação e prototipagem em arte, ciência e tecnologia do Museu do Amanhã apresentado pelo Santander Brasil.
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