Após um hiato de dois anos sem expor no país, Jan Kaláb retorna à Galeria Movimento com mais de 20 obras inéditas para a mostra intitulada Corte Construção. Nessa exposição, suas já conhecidas cores vibrantes e formas orgânicas dão lugar a obras com traços mais arquitetônicos, em preto e branco ou em cores primárias como azul e vermelho, representando um momento mais conceitual de sua carreira.
Aos 46 anos e já conhecido por sua abordagem inovadora e multidisciplinar, Jan Kaláb apresenta uma série que investiga a relação entre forma, sombra e espaço, inspirando-se no gesto primário da obra de Lucio Fontana. Ele utiliza técnicas de corte e construção para criar instalações tridimensionais que desafiam a percepção do espectador. As obras expostas revelam uma linguagem que combina precisão técnica com expressividade artística.
Para Kaláb, a mostra reflete uma conexão pessoal com o Rio de Janeiro: “Embora já tenha apresentado minhas cores vivas e formas orgânicas há dois anos, sinto que ainda há muito a explorar artisticamente. Nesta fase, revisito uma série de trabalhos de uma década atrás, onde utilizo facas para desenhar círculos e construir composições, transformando telas em elementos escultóricos. As cores são reduzidas a preto, branco, vermelho e azul, além do tom cru da tela não preparada. Esta exposição oferece uma visão mais ampla da arte que apresento, permitindo ao público compreender melhor minha abordagem como artista.”
A mostra representa um novo olhar de Jan Kaláb, que parte do vazio para construir sobreposições que expressam um lado reflexivo e imersivo. Os trabalhos demonstram interseções com o grande conflito mundial que vivemos há dois anos: a Guerra da Ucrânia — país próximo à República Tcheca.
Para ele, “a aspereza e a precisão das obras, com pedaços de tela cortados e planos perfeitos se tornando porosos, podem simbolizar ossos expostos ou territórios perdidos, refletindo a brutalidade de uma maquinaria precisa”.
O artista afirma que a narrativa dos trabalhos expostos em 2022 e, agora, em 2024 permanece a mesma. “Antes, o choque do ataque próximo ao meu país era palpável. Hoje, o choque se dissipou, mas a realidade vem se agravando. O mundo parece desequilibrado, com novos conflitos surgindo. Nada é certo, e tudo pode ser perdido a qualquer momento.”
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