Até junho, a Sala de Vídeo do Masp recebe produções do coletivo audiovisual Bepunu Mebengokré. Bepunu Kayapó é um cineasta potente, sensível e atento às tradições do seu povo. Vive na aldeia Moikarakô, município de São Félix do Xingu, no estado do Pará, focando suas lentes para dentro do território Mebengokré-Kayapó e de lá para o mundo. Em 2023, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) volta seu olhar para os povos indígenas e apresenta os curtas Menire Djê e Mê’Ok: Nossa pintura, ambos com a participação direta dos Kayapó-Mebengokré, destacando a presença do cineasta Bepunu em todo o processo de produção. São documentários que se complementam nos relatos sobre a arte ancestral de pintar os corpos, uma prática tradicional protagonizada pelas menires, como são chamadas as mulheres na língua Mebengokré. Menire Djê (2019) é uma produção que resultou de uma oficina de qualificação de novos cineastas na aldeia Moikarakô. As lentes se voltam para os detalhes da produção da tinta de jenipapo: colher o fruto, descascá-lo, ralá-lo, pilá-lo e misturá-lo ao carvão moído até a tinta ganhar a consistência necessária para aplicar nos corpos – um saber milenarmente transmitido pelos mais velhos às novas gerações. Mê’Ok: Nossa pintura (2014) é a extensão dos diálogos apresentados em Menire Djê. Produzido pelo Museu do Índio, no Rio de Janeiro, com o protagonismo de Bepunu e outras pessoas da etnia Kayapó do sul do Pará, o curta tem circulado em diversos espaços no Brasil e no exterior, dialogando com o mundo cosmológico Mebengokré a partir do universo dos grafismos, os quais são apresentados em um processo completo que vai da preparação das tintas de jenipapo e urucum ao cuidadoso ritual de pintura dos corpos. O foco da lente se abre e as narrativas se expandem, versando sobre uma arte ancestral que desvenda aspectos pouco conhecidos, mas muito significativos do cotidiano e da cosmopotência daquele povo. Sala de vídeo: Coletivo Bepunu Mebengokré é curada por Edson Kayapó, curador-adjunto de arte indígena, MASP. Ao longo de 2023, a programação da Sala de Vídeo integra o ciclo das Histórias indígenas no MASP e inclui mostras de Coletivo Bepunu Mebengokré, Sky Hopinka, Brook Andrew, Glicéria Tupinambá e Alexandre Mortágua e Cecília Vicuña.
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