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“Cem Anos de Waldemar Cordeiro” na Luciana Brito Galeria

23 agosto -10:00 até 4 outubro -19:00

Waldemar Cordeiro, Gente – Grau 2, 1972–1973. Cortesia Galeria Luciana Brito

A Luciana Brito Galeria apresenta Cem Anos de Waldemar Cordeiro, mostra especial que celebra o centenário do artista ítalo-brasileiro. Múltiplo por vocação, Waldemar Cordeiro redefiniu os rumos das artes brasileira e latino-americana do século 20, inclusive alçando-a para o debate internacional. A mostra reúne cerca de 25 trabalhos, sendo em grande parte oriundos da pesquisa com computador nos anos de 1960 e 70.

Talvez o que melhor define o aspecto transdisciplinar e visionário da obra de Waldemar Cordeiro seja sua incursão no campo da arte computacional, na virada para os anos 1970. Para isso, ele desenvolveu uma “nova gramática visual”, uma maneira de expandir a lógica construtiva do concretismo para um ambiente regido por códigos e variáveis. No entanto, até de forma paradoxal, pela primeira vez ele optou por humanizar o discurso visual, trazendo a figura humana para sua pesquisa, além do uso e funcionalidade do computador. Waldemar Cordeiro foi o primeiro artista brasileiro — e um dos pioneiros no mundo — a utilizar o computador como ferramenta criativa, numa época em que o acesso a essas máquinas era restrito a instituições acadêmicas e centros de pesquisa.

Destaque na mostra, obras da série Gente (1972-1973) foram realizadas a partir da apropriação de uma imagem de multidão. Com a ajuda de Giorgio Moscati, do Departamento de Física da USP, Waldemar Cordeiro criou uma metodologia própria, onde utilizava elementos figurativos de fotografias como objetos para experimentações visuais. Depois de passar por digitalização, essas imagens eram convertidas em dados numéricos (tramas gráficas). Essas tramas poderiam ganhar mais ou menos saturação por meio da programação algorítmica, desenvolvendo nuances que podem ser identificadas nos diferentes graus atribuídos à série pelo artista. A exposição apresenta também Massa sobre indivíduos (1964), obra emblemática realizada a partir da imagem original da série Gente.

Cem Anos de Waldemar Cordeiro apresenta também obras da série Derivadas de uma imagem (1969), considerada um marco para a arte digital no Brasil, pois foi a primeira a ser produzida pelo artista, e A mulher que não é B.B (1973), outro trabalho emblemático dessa fase, ambas acompanhadas das suas imagens originais. Para Derivadas de uma imagem, o artista utilizou a fotografia de um jovem casal romântico, extraída de um poster de dia dos namorados. Já para A mulher que não é B.B (1973), foi usada a imagem de uma garota vietnamita vítima da guerra, publicada pela Time Magazine, sob contexto de contraposição à atriz francesa Brigitte Bardot, sex symbol e modelo da mulher perfeita da época, que havia causado furor no Brasil com sua visita. Essa é a única obra de computador que segue um viés político-social. Ainda como parte da mostra, outras obras praticamente inéditas compõem a mostra, como Unicamp (1973), onde ele trabalhou a visualidade abstrada ao processar no computador uma imagem do prédio da universidade. Outros trabalhos que precedem a pesquisa de Waldemar Cordeiro com computador também são mostrados na exposição, exemplificando a evolução do seu argumento artístico, como Jornal (1964).

A investigação com computador inscreve Waldemar Cordeiro em uma genealogia nacional e internacional da arte, não apenas pelo experimentalismo formal e quebra de paradigmas na criação e produção da arte, mas também como um ato político e social. Em 1971, a exposição internacional de arte de computador, Arteônica, organizada por ele, estabeleceu definitivamente o uso das novas mídias eletrônicas na produção artística. O termo foi justamente criado pelo artista para unir arte e eletrônica e é atualmente o único que contempla plenamente todas as fases do uso da eletrônica na história da arte. Inserido no contexto brasileiro de modernização, ele entendia que essas novas tecnologias poderiam transformar não só a arte, mas a própria experiência coletiva, abrindo caminhos para novos modos de imaginar e projetar o mundo. Waldemar Cordeiro, dessa forma, antecipou as práticas que hoje reconhecemos como parte do campo da arte generativa, ressoando inclusive com produções contemporâneas de programação criativa e inteligência artificial.

Detalhes

Início:
23 agosto -10:00
Final:
4 outubro -19:00
Categoria de Evento:
Evento Tags:
,
Website:
https://www.lucianabritogaleria.com.br/

Local

Luciana Brito Galeria
Av. Nove de Julho, 5162 - Jardim Europa
São Paulo, SP Brasil
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