“Carne, pele, luz e metal” de Luiz Escañuela e Leandra Espírito Santo na Galeria Luis Maluf

A exposição, que estabelece um diálogo entre as obras dos artistas Leandra Espírito Santo e Luiz Escañuela, Carne, pele, luz e metal, sob a curadoria de Agnaldo Farias, aborda as diferentes relações entre corpo e tecnologia na figuração do ser humano. Com abertura em 07 de outubro de 2023, cerca de 20 obras ao todo compõem a mostra, que segue em cartaz até 11 de novembro. Nessa exposição, a técnica hiper-realista das criações pictóricas de Escañuela se contrapõe às obras moldadas a partir do próprio corpo, apresentadas por Espírito Santo. Ele se vale da tradição pictórica para criar representações cuja nitidez e o detalhamento superam os da fotografia. Já Espírito Santo se utiliza de técnicas e tecnologias que transitam pelo universo da escultura clássica, e pela mecatrônica, para pensar as relações entre corpo, imagem, linguagem e tecnologia na construção da subjetividade contemporânea.

Nunca exibido em galerias, a obra 30 gsts + de Leandra, um conjunto de esculturas em metal, fundidas em bronze a partir de moldes feitos com o design de suas próprias mãos, traduz gestos específicos, cujo repertório de pictogramas digitais, conhecidos como emojis, advém da rede social WhatsApp, largamente usada para a comunicação interpessoal, especialmente no Brasil. O trabalho teve início durante o período de isolamento social, na pandemia de Covid-19, período em que as interações no espaço virtual se tornaram o principal meio de contato dos indivíduos com o mundo exterior. Além deste trabalho, a artista apresenta uma instalação inédita, feita com máscaras de alumínio fundidas a partir do formato de seu próprio rosto. Fixadas na parede, intercaladas por lâmpadas tubulares de LED, elas nos encaram, com diferentes expressões que indicam estados psicológicos de forma imediata. Mais do que revelar uma identidade específica, a instalação tem interesse em pensar a comunicação a partir de expressões faciais.

Escañuela, por sua vez, que também traz mãos como protagonistas em suas obras, apresenta trabalhos inéditos em que a empatia tem grande relevância. Nessas pinturas linhas e texturas emergem e organizam-se para fazer aparecer mãos que se tocam, sejam elas de uma mesma pessoa, ou mais. São imagens que configuram diferentes relações inter e intrapessoais, fazendo dos gestos, também, seus protagonistas. Contudo, o compromisso de Escañuela não é com a técnica, mas com a pintura como linguagem. O trabalho do artista insere-se na tradição de imagens que tomam o corpo como personagem principal, seja por retratos, ou em composições que focam em fragmentos, como mãos, pés e braços. Em sua prática, pintura e corpo convergem, principalmente a partir da ideia de pele. Esta, usualmente, recebe grande atenção do artista, que atua para ressaltar as marcas, texturas e formas da epiderme humana.