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“Carmen Portinho: modernidade em construção” no MAM Rio

13/09/2025 -10:00 até 08/03/2026 -18:00

Participantes do II Congresso Internacional Feminista em excursão ao Recreio dos Bandeirantes. Fotografia, sem autoria identificada, [jun.] 1931. Arquivo Nacional

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugura, em 13 de setembro de 2025, a exposição documental Carmen Portinho: modernidade em construção, com curadoria de Aline Siqueira, Raquel Barreto e Pablo Lafuente, e assistência curatorial de José dos Guimaraens.

A mostra homenageia a engenheira, urbanista e militante feminista Carmen Portinho (1903–2001), protagonista do modernismo brasileiro e referência na luta pela igualdade de gênero, pelo direito à cidade e habitação popular.

“Mais do que um percurso biográfico, a exposição propõe questionamentos sobre como a vida e as ações de Carmen Portinho iluminam os desafios atuais de construção da cidade e do país que queremos. Sua obra, coletiva por excelência, afirma o modernismo como projeto político e cultural de emancipação social”, pontua Yole Mendonça, diretora executiva do MAM Rio.

Ao longo de sua vida, Carmen Portinho foi ativista dos direitos das mulheres, urbanista, crítica de arte e militante pela cultura e pela liberdade. Nos anos 1950, integrou a gestão do MAM Rio como diretora executiva adjunta, coordenando a construção da sede definitiva do museu projetada por Affonso Eduardo Reidy. Esses múltiplos engajamentos, que atravessam quase todo o século 20, integram o projeto moderno em sua acepção mais ampla: a construção de uma sociedade e de um país mais justos por meio de saberes e tecnologias, novos e antigos, a serviço da emancipação individual e coletiva.

A exposição reúne mais de 300 documentos históricos de diferentes acervos, organizados em três núcleos — “moradia e habitação popular”, “feminismo” e “arte e educação” — além de uma seção dedicada à Revista Municipal de Engenharia, veículo fundamental para a difusão do modernismo no Brasil.

Em diálogo com esse vasto material, obras comissionadas especialmente para a mostra aproximam o legado de Portinho de questões contemporâneas: um vídeo da cineasta, antropóloga e artista visual Milena Manfredini e uma instalação do artista baiano Rommulo Vieira Conceição revisitam o Pedregulho (conjunto habitacional no bairro de Benfica), enquanto o projeto instalativo da artista carioca Ana Linnemann propõe modos de viver e trabalhar inspirados na urbanista. E em entrevista realizada pela cineasta Ana Maria Magalhães em 1995, Portinho compartilha reflexões sobre sua vida e trabalho.

“Carmen Portinho atravessa o século 20 como protagonista de lutas que permanecem atuais: habitação, educação, arte e igualdade de gênero. A exposição não apenas revisita sua trajetória, mas nos convida a refletir sobre o que foi feito e o que ainda precisa ser conquistado”, afirma Pablo Lafuente, diretor artístico do MAM Rio.

Moradia e habitação popular

Na virada do século 20, políticas higienistas e remoções marcaram a vida da população de baixa renda no Rio. Foi nesse contexto que Carmen Portinho consolidou sua atuação à frente do Departamento de Habitação Popular (DHP), criado em 1946.

Como diretora-geral, implantou projetos de grande escala baseados no conceito de “unidade de vizinhança”, que integrava moradia, escola, lazer, saúde e comércio em bairros autossuficientes.

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho), projetado por Affonso Eduardo Reidy a partir das ideias de Portinho, tornou-se um marco do modernismo brasileiro, premiado na 1ª Bienal de São Paulo (1951) e celebrado internacionalmente.

Outros empreendimentos, como o Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, em São Conrado, e os conjuntos de Paquetá e Vila Isabel, reafirmaram a ambição de aliar arquitetura, urbanismo e justiça social. Apesar das críticas ao alto custo e à complexidade dos projetos, suas soluções ainda hoje são referências em concepção arquitetônica e qualidade de construção.

“O núcleo de Pesquisa do MAM Rio, em geral, trata a Carmen Portinho a partir de sua atuação como diretora executiva adjunta e de suas ações no contexto das práticas e das realizações do museu. Esta exposição nos permite exercitar um novo ponto de vista, muito mais amplo e com reconhecimento justo de suas frentes de atuação profissional tão diversas. Falar sobre esses outros aspectos da trajetória de Portinho é muito envolvente e gratificante, e nos ajuda a reforçar sua importância não somente para o MAM Rio, mas para a cidade do Rio de Janeiro e para o Brasil”, completa Aline Siqueira, coordenadora de Pesquisa e Documentação do museu.

Feminismo

Portinho foi também protagonista do movimento feminista no Brasil desde os anos 1920, ao lado de Bertha Lutz, Almerinda Gama e outras sufragistas.

Participou de campanhas pelo voto feminino — conquistado nacionalmente em 1932 —, fundou a União Universitária Feminina e foi uma das primeiras mulheres a ingressar e se destacar em áreas tidas como masculinas, como a engenharia e o urbanismo.

Em 1937, ajudou a criar a Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas, fortalecendo redes de apoio profissional. Décadas mais tarde, em 1987, foi escolhida para entregar a “Carta das Mulheres” ao presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, durante o processo de elaboração da Constituição Federal, tornando-se elo entre as lutas do início do século 20 e as conquistas contemporâneas.

Arte e educação

O vínculo com a arte acompanhou Carmen Portinho ao longo de toda a vida.

Nos anos 1950, integrou a gestão do MAM Rio como diretora executiva adjunta, coordenando exposições e a construção da sede definitiva do museu, projetada por Reidy.

Na instituição, consolidou o museu como centro de arte e educação, apoiando iniciativas como o Ateliê de Gravura, que formou uma geração de artistas na década de 1960.

Posteriormente, como diretora da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) entre 1967 e 1988, garantiu a consolidação da primeira escola de design da América Latina, promovendo um diálogo inovador entre arte, design e pedagogia.

Revista Municipal de Engenharia

Fundada em 1932 a partir de sua iniciativa, a Revista Municipal de Engenharia foi um dos principais veículos de difusão do pensamento modernista em arquitetura, urbanismo e engenharia no Brasil.

Publicou textos de Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Le Corbusier, além de artigos da própria Portinho, incluindo o anteprojeto de sua autoria para a nova capital do país, no Planalto Central — visão que antecipou princípios depois incorporados por Costa em Brasília.

Detalhes

Início:
13 setembro -10:00
Final:
08/03/2026 -18:00
Categoria de Evento:
Website:
https://mam.rio/

Local

MAM Rio
85 Av. Infante Dom Henrique Parque do Flamengo
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro Brasil
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