A exposição de novas impressões de Bennett Miller produzidas com um gerador de imagens DALL-E é a primeira mostra do cineasta e artista na galeria. Os trabalhos em exibição em Nova York foram criados após um período de cinco anos em que Miller pesquisou e filmou um documentário sobre a encruzilhada tecnológica em que nos encontramos agora. Tendo entrevistado numerosas figuras envolvidas com inteligência artificial (IA), incluindo Sam Altman, CEO do OpenAI, o desenvolvedor do DALL-E, o artista começou a usar o software para refletir sobre a natureza e a progressão das mudanças na forma como entendemos a arte representativa. Os resultados impressionantes envolvem a história e o formato da fotografia para colocar questões sobre a natureza contingente e enigmática da percepção, da realidade e da verdade – uma indagação que se tornou urgente na atualidade graças às inovações revolucionárias da computação. DALL-E – nome que remete tanto a Salvador Dalí quanto ao personagem robô WALL-E, da animação da Pixar – é uma “rede neural” que emprega um algoritmo de aprendizado profundo treinado para traduzir os avisos escritos em imagens de alta fidelidade. Ela foi lançada em 2021 pela OpenAI, a empresa também responsável pelo “modelo de linguagem grande” ChatGPT, que realiza uma operação comparável com o texto. Como reconhece o projeto de Miller, tais geradores já exercem uma influência profunda e não isenta de controvérsia na educação, mídia e arte e design comercial, complicando os debates sobre autenticidade, apropriação e estilo num grau inédtio desde o apogeu do pós-modernismo dos anos 1980. Nas impressões da mostra, Miller explora a capacidade do DALL-E de gerar imagens em múltiplos estilos e combinar diferentes conceitos. A compreensão revolucionária do programa sobre as complexas relações entre texto e imagem fez dele, juntamente com programas rivais como Midjourney e Stable Diffusion, a fonte de uma quantidade crescente de ilustrações editoriais, suscitando preocupações culturais, legais e econômicas em torno de originalidade, plágio e continuidade da especialização profissional. Ao ligar o poder transformador da nova tecnologia com a aurora da fotografia e o nascimento da reprodução mecânica, as imagens geradas por IA sugerem uma mudança iminente na percepção de um alcance ainda maior, fazendo com que reconsideremos o significado de ser humano. Com seus tons sépia e atmosfera inquietante e fugidia, essas obras oníricas também se baseiam em tentativas históricas de produzir imagens críveis de fenômenos inventados, incluindo fotografias espiritualistas e as fotos de Elsie Wright e Frances Griffith da ficção Cottingley Fairies. Embora os estudos de Miller sobre pessoas e lugares sejam assombrosamente parecidos às imagens do final do século 19 ou início do século 20, nenhum de seus personagens e cenários é totalmente “real”.
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