Vista da exposição “Balé Literal” de Laura Lima na Tanya Bonakdar Gallery – Crédito: Divulgação Tanya Bonakdar Gallery
A Tanya Bonakdar Gallery apresenta Balé Literal, terceira exposição individual de Laura Lima na galeria e a quarta iteração do projeto Balé Literal.
Balé Literal é uma exposição em movimento — objetos e obras de arte dançam pelo espaço em uma coreografia do absurdo. Suspensos por um sistema de roldanas, os objetos (ou bailarinas) deslizam e saltam pela galeria, impulsionados pela energia de um ciclista que pedala um aparato modificado. Sob direção da artista, os objetos, a iluminação, a trilha sonora, a equipe de apoio e o sistema mecânico funcionam como um organismo vivo: evoluem, se adaptam e se movimentam em perfeita sincronia.
Por meio de janelas recortadas, o público pode espiar os bastidores, onde as bailarinas aguardam sua vez em cena. A cenografia sonora e luminosa, controlada simultaneamente pelo ciclista, cria atmosferas e humores específicos, transformando os objetos em seres animados. A colaboração e a comunicação entre corpos estão no cerne de Balé Literal e são temas recorrentes na prática de Lima.
Inspirando-se nos poetas dadaístas e no romance Jogo da Amarelinha de Julio Cortázar — no qual o leitor é convidado a pular os capítulos fora da ordem —, as “bailarinas” de Lima são coreografadas segundo uma lógica linguística, dispostas e rearranjadas em três sintaxes principais: passeio solitário, diálogo ou hipérbole. O corpo de baile flutua por essas frases, carregando referências sociais, políticas e artísticas, ao mesmo tempo em que expõe a instabilidade dos próprios símbolos. Sozinha, uma foice remete ao arquétipo da Morte, arrastando seu véu pelo chão; em diálogo com um martelo, transforma-se em poderoso emblema político.
O jogo cênico à la Beckett de Lima evidencia a cultura que habita — e cresce sobre — cada objeto: cachos de uva em um Caravaggio, os filmes cult de Ed Wood, a cruz negra do suprematismo de Malevich, a bandeira LGBTQIAPN+, a escultura social de Joseph Beuys — imagens e signos porosos, vulneráveis e vivos. O Balé Literal permite que o público construa suas próprias narrativas a partir de cadências caóticas, num convite à interpretação e à improvisação em um chamamento carnavalesco de pergunta e resposta.
Balé Literal foi apresentado pela primeira vez como um evento único nas ruas do Rio de Janeiro. Depois, ganhou uma versão ampliada e contínua no Museu d’Art Contemporani de Barcelona (MACBA), em 2023. Em 2024, a artista realizou uma apresentação noturna do Balé em uma floresta no Instituto Inhotim, no Brasil. Cada versão é única e se transforma continuamente, em colaboração com designers e compositores que criam repertórios distintos, como todo balé que se adapta a novos elencos e encenações.
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