biarritzzz, “Eu não sou afrofuturista”, 2020 – Divulgação
No sábado, dia 15 de fevereiro, o Ateliê397, atualmente localizado na Travessa Dona Paula, na casa 119A, dá início a suas atividades de 2025. O espaço independente que possui mais de 20 anos de atuação começa o ano com uma exposição coletiva intitulada Baixa Resolução e dá continuidade ao programa Like a Virgin: o primeiro vídeo a gente nunca esquece, que teve cinco edições no ano passado (Darks Miranda, Philippe Ledoux – projeto de Dora Longo Bahia, Marcelo Arruda, Marcelo Ferrari, Priscila Farias e Renato Cohen –, AVAF, Jarbas Lopes e Cabelo, Lia Chaia). Tanto o programa de vídeo quanto a mostra têm a curadoria de Érica Burini, membro da gestão do espaço.
A exposição Baixa Resolução tem como motivação a ubiquidade das telas na atualidade. Inaugurando 61 anos após o lançamento de Os meios de comunicação como extensões do homem, livro tão famoso quanto criticado de Marshall McLuhan, a curadoria busca traçar as consequências da onipresença dos media nas mais variadas atividades humanas e seus efeitos sobre o trabalho, o comportamento, a política, o consumo e o desejo.
São exibidos trabalhos de Amilton, biarritzzz, Coralina de Sordi, Kauê Garcia, Paulo Bruscky e Gabriel Mascaro, Pedro Gallego. Dentre as obras, há uma diversidade de mídias e linguagens. Há o vídeo feito na plataforma Second Life de Paulo Bruscky e Gabriel Mascaro, em que o diretor de cinema entrevista o artista conhecido por subverter e parasitar meios como os muros da cidade, o telegrama, o telex e outros; também estão contempladas pinturas de Amilton, artista popular alagoano, que tematiza os bastidores das gravações televisivas, com a aparição dos aparelhos celulares nas mãos, indicando a transformação do meio mcluhaniano fundamental; o álbum sonorovisual interativo de biarritzzz, que tensiona o conceito de afrofuturismo e questiona a noção ocidental de progresso; entre outras instalações, fotografias e objetos.
“O título da mostra possui um duplo sentido. Um que aponta para a defesa das imagens de baixa qualidade, tal como feito no texto de Hito Steyerl. E outro mais ludista, que remete ao ineficiente ou inoperante: baixa resolução como o que traz pouca resolutividade, indicando que a proliferação de máquinas, telas e automações não trará uma solução para o problema posto. Pelo contrário, vemos um aumento no consumo de energia e na degradação do planeta, para a alimentação de uma fome capitalista insaciável pelo desenvolvimento de tecnologias que apenas intensificam a desigualdade social e a concentração de renda em grandes empresas”, comenta a curadora Érica Burini.
O programa Like a Virgin: o primeiro vídeo a gente nunca esquece, exibido na Sala de Projetos Especiais do espaço, apresenta Hic et nunc (2002), o primeiro vídeo realizado por Marilá Dardot. Nele, sua mão aparece escrevendo e apagando uma lista de verbos, que ganharão especial sentido na obra desenvolvida posteriormente pela artista. A artista mineira, então com 29 anos, concebeu o vídeo a partir da leitura de Rosalind Krauss sobre a lista de verbos de Richard Serra, imaginando o seu próprio conjunto de ferramentas constitutivas da sua obra.
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