A exposição As Circunstâncias de Héctor Zamora é composta por dois trabalhos performáticos e escultóricos que convidam o público a refletir sobre questões relacionadas à iconografia de gênero, um tema relevante nos dias atuais. O primeiro trabalho, intitulado Platônicos, consiste na transformação de uma escultura de pedra que representa a iconografia clássica masculina em uma série de sólidos platônicos. Esses sólidos, como o tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro, são elementos fundamentais da geometria espacial e têm associações com os elementos naturais, como fogo, terra, ar, água e constelações do céu.
A ação proposta por Zamora pode ser interpretada como um retorno às origens ou uma reconexão do homem com sua própria natureza. No entanto, a escultura original se torna instável após a primeira modificação, tornando quase impossível esculpi-la com a precisão necessária para criar as formas platônicas. Isso resulta em uma escultura desforme e catastrófica, destacando um descompasso entre a teoria idealizada e o resultado realista da ação.
O segundo trabalho, intitulado Movimentos emissores da existência, envolve um grupo de mulheres caminhando sobre vasos de barro fresco. Essa performance, realizada em várias edições anteriores, incluindo Cidade do México, Otazu (Espanha) e Dhaka (Bangladesh), subverte a imagem icônica da mulher carregando um jarro de cerâmica sobre a cabeça, um estereótipo associado à utilidade e submissão. Ao pisarem nos vasos, as mulheres transformam esses objetos utilitários em elementos escultóricos evocativos de uma forma uterina ou vaginal, simbolizando a capacidade de transformação do cotidiano feminino.
O título da exposição, assim como de uma das obras, foi inspirado no livro Atlas do corpo e da imaginação de Gonçalo M. Tavares. Tavares fala sobre a “musculatura existencial” que impulsiona nossos movimentos e interações com o mundo, destacando a capacidade de criar “movimentos emissores da existência” que têm o potencial de transformar a realidade ao nosso redor. Zamora escolheu esse termo para seu trabalho, convidando os espectadores a refletir sobre diferentes maneiras de enfrentar os desafios do presente Antropocênico, questionando a validade de projetos civilizatórios baseados na força e na violência em comparação com abordagens mais sutis e transformadoras.
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