Novas comissões, obras recentes… seis instalações (Éric Baudelaire, Mat Dryhurst e Holly Herndon, Auriea Harvey, Ho Rui An, Interspecifics, Agnieszka Kurant) exploram as férteis conexões entre criação artística e inteligência artificial.
A exposição investiga as implicações da inteligência artificial, com ênfase no papel da inteligência humana e da intervenção nos processos criativos, chegando ao ponto de modificar os próprios sistemas de produção de IA. Reflexões sobre memória coletiva catalogada em arquivos nacionais, uma investigação experimental sobre o fim dos grandes relatos, previsões de futuras obras de arte ainda por serem realizadas, experiências íntimas e os ecos da história colonial… esses são alguns dos temas que emergem nas obras apresentadas, todas marcadas por uma curiosidade lúcida e que servem como experimentos com essa nova tecnologia que está transformando nosso mundo.
Embora a IA generativa abra caminhos para transformar a pesquisa artística e ofereça novas ferramentas criativas, ela também tem um impacto profundo na maneira como somos levados a observar obras de arte. O termo “apofenia”, cunhado em 1958 para descrever a esquizofrenia, refere-se a um distúrbio cognitivo que envolve perceber conexões significativas entre coisas díspares e aparentemente não relacionadas. Esse fenômeno pode ser comparado às conexões errôneas nos processos de detecção de objetos que estão no cerne das inteligências artificiais generativas. Tais processos, que oscilam entre a eficiência algorítmica e erros que comprometem a coerência, são aqui considerados como pontos de partida férteis para a pesquisa artística.
Com a IA generativa, redes neurais transcendem a análise de informações e tornam-se criadoras, gerando novas imagens e textos sintetizados a partir de vastos conjuntos de dados coletados na internet. No entanto, como na apofenia, distorções e vieses aparecem frequentemente, produzindo conteúdos incorretos chamados “alucinações”.
Mesmo que essas imprecisões sejam atenuadas pela intervenção humana nos processos de treinamento, filtragem e rotulagem, elas ainda são preocupantes. Ainda assim, esses modelos já são usados diariamente por milhões de pessoas. É justamente essa característica de acesso massivo à IA que torna este um momento revolucionário e, consequentemente, convoca explorações críticas artísticas. Não se trata apenas de considerar as potenciais consequências dessa nova tecnologia, mas também de compreender como ela já começa a modificar e moldar nosso mundo social.
© 2024 Artequeacontece Vendas, Divulgação e Eventos Artísticos Ltda.
CNPJ 29.793.747/0001-26 | I.E. 119.097.190.118 | C.C.M. 5.907.185-0
Desenvolvido por heyo.com.br