O Instituto Comadre apresenta a exposição coletiva Apocalipse, uma leitura simbólica e contemporânea do livro bíblico que explora questões universais e atemporais sobre moralidade, poder e transcendência. Com curadoria assinada por Gabriela Davies e Maíra Marques e produção de Marcella Klimuk, a mostra, que acontece na Casa França-Brasil, constrói uma imersão em quatro eixos: Poder x Massa e Sagrado x Profano.
Apocalipse não é uma interpretação literal do texto bíblico, mas um convite a refletir sobre as tensões que se formam em nossa sociedade atual. Em especial, a exposição sublinha o peso das instituições de poder e como essas estruturas afetam e transformam a experiência coletiva, moldando comportamentos e impondo valores. Neste contexto, o poder é visto como uma força central que organiza, mas também oprime e desafia a massa, fazendo surgir questões sobre autoridade e resistência.
Três obras foram criadas especialmente para a mostra pelos artistas Edu de Barros, Maxwell Alexandre e Froiid, integrando-se diretamente à arquitetura da Casa França-Brasil e ocupando também as claraboias do espaço.
As peças de Edu de Barros, concebidas como profecias que entrelaçam mitos e simbolismos, dialogam com a tradição dos afrescos e murais, inspirando-se na arquitetura de templos e na ábside, área que frequentemente se localiza acima dos altares. Ao tensionar os limites entre arte e religiosidade, Edu traz uma abordagem que aproxima o espaço da contemplação estética do universo da fé, evocando um apocalipse mundano em suas criações, onde o sagrado e o profano se encontram.
O díptico de Maxwell Alexandre, parte de sua série “Clube”, explora o poder e as fronteiras de pertencimento em espaços exclusivos, como clubes sociais, evidenciando o poder de exclusão e as dinâmicas de pertencimento e segregação.
Completando o conjunto, “O bode na sala”, obra de Froiid, apresenta uma mesa de truco coberta por moedas de chocolate, simbolizando o poder do dinheiro e suas dualidades – o jogo, o roubo e o espaço ambíguo que o dinheiro ocupa como elemento sagrado e profano. A obra reflete sobre as tensões morais e materiais em torno do dinheiro, evidenciando como ele pode transitar entre valores espirituais e terrenos.
Além disso, Guga Ferraz contribui com a grandiosa escultura “Bispo Caído, monumento ao Estado laico”, uma peça de xadrez em grande escala que alude ao poder religioso e político. A obra, apresentada anteriormente, ganha agora uma versão ainda ampliada, reforçando sua presença e o diálogo com o espaço expositivo. “Bispo Caído” convida à reflexão sobre o secularismo e as relações entre poder e religião.
Como parte da rota cultural do G20, a exposição amplia seu alcance ao integrar-se a um circuito internacional de atividades e reflexões, oferecendo uma visão crítica sobre temas que são igualmente relevantes em uma esfera global. Através de obras que variam entre o ritualístico e o político, Apocalipse propõe que o fim não seja apenas uma ruptura, mas um ponto de questionamento e renascimento. O diálogo entre as obras e o ambiente da Casa França-Brasil abre possibilidades de reflexão sobre os sistemas morais e espirituais que nos cercam, e o papel das instituições no exercício e manutenção do poder.
Artistas participantes: Augusto Portella, Caio Pacela, Carlos Vergara, Darks Miranda, Edu de Barros, Eduardo Berliner, Felippe Moraes, Fernando de La Rocque, Francisco de Goya y Lucentes, Froiid, Gian Gigi Spina, Guerreiro do Divino Amor, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Ian Cheibub, Jean-Marie Fahy, Letícia Parente, Márcia X, Maria Antonia, Maxwell Alexandre, Melissa de Oliveira, Nádia Taquary, Randolpho Lamonier, Raphael Escobar, Sofia Borges, Tainan Cabral e Thix.
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