Detanico Lain, “Desmesura (Nuvens)”, 2022 – Foto: Divulgação
No dia 26 de junho, das 19h às 22h, a Silvia Cintra + Box 4 inaugura Ano luz, nova individual de Detanico Lain na galeria em parceria com a galeria Vermelho. A exposição conta com cinco séries nas quais a dupla adota a linguagem como sujeito e objeto de seu trabalho. As obras, desenvolvidas em diferentes técnicas, demonstram a dimensão poética e a diversidade do processo criativo dessa dupla, trazendo a público um novo universo no qual códigos de representação e organização são revistos.
Um dos destaques é a série O dia mais curto, o dia mais longo, na qual Detanico e Lain representam os solstícios de inverno e verão em diferentes localidades. Aqui vemos as representações da luz e sombra incidentes sobre Porto Alegre nessas duas ocasiões durante todas as 24 horas de cada um dos dias, representadas com suas pinturas murais com 24 faixas de diferentes intensidades, do preto ao branco. Na parede oposta, encontramos a série Nuvens (2022), um conjunto de 9 imagens de nuvens brancas sobre fundo azul. À distância, o visitante pode, como em um jogo, procurar formas nas nuvens, mas, ao se aproximar, vê que, na verdade, as nuvens são feitas de letras que formam palavras. Os vocábulos, espalhados pelas manchas, também exigem alguma investigação para desvelar a palavra que lá está.
Seus trabalhos refletem o fascínio que eles dividem com a capacidade humana de contemplar o mundo ao seu redor e além. Imbuídas de referências científicas, matemáticas e literárias, suas obras aplicam temas de tempo, espaço, memória e o infinito além.
Os artistas Angela Detanico e Rafael Lain utilizam o Helvetica Concentrated — um sistema de escrita criado por eles em 2004, em colaboração com Jiří Skála, que transforma cada caractere da fonte Helvetica de 1957 em um ponto correspondente à sua massa — em duas de suas séries. Na série Nome das Estrelas, eles usam esse sistema para transcrever os nomes das 287 estrelas listadas no “Catálogo de Estrelas Brilhantes do Observatório da Universidade de Yale”. Ao sobrepor as letras em forma de ponto, Detanico Lain criam imagens que representam a vibração da luz das estrelas: quanto mais extenso o nome, mais brilhante a imagem resultante, e nomes mais curtos geram imagens mais escuras. A dupla também emprega o Helvetica Concentrated em sua série, Corpos Celestes, lançada em 2024 no Centre Pompidou, em Paris, por ocasião da indicação dos artistas ao Prix Marcel Duchamp. Esta série celebra os 20 anos do sistema de escrita, aprofundando a exploração da relação entre linguagem, imagem e o cosmos por meio da tridimensionalização desse pensamento, em que as obras, penduradas no teto, orbitam o espaço da galeria.
Seguindo o pensamento dos artistas em desenvolver uma série de sistemas de escrita, a mostra conta com uma obra da série Radiante, na qual a palavra “sol” é escrita em diferentes idiomas, de acordo com um gráfico que simula os raios do sol. Para cada quadrante desse gráfico, os artistas atribuem uma letra. Cada módulo/letra é reproduzido em madeira folheada a ouro. No caso da exposta, “Nar” é a palavra mongol para sol.
Por fim, a obra Time square nos fascina por sua representação inusitada do tempo. Nela, quatro relógios são dispostos de forma que seus ponteiros se alinham para formar um quadrado. Essa criação vai além de simplesmente marcar as horas; ela explora a interseção entre o tempo cronológico e a forma geométrica, convidando o observador a refletir sobre como percebemos e medimos o tempo. Ao transformar a fluidez dos ponteiros em uma figura estática, a obra brinca com a nossa expectativa e oferece uma nova perspectiva sobre a passagem do tempo.
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