Ana Hortides e Carolina Colichio na ArteFASAM Galeria

Dona é a primeira individual de Ana Hortides em São Paulo. Sua ampla pesquisa em torno da potência política e poética dos espaços domésticos, se expande a partir de uma prática ainda mais focada nos materiais como meios de explorações formais. Assim, o caráter familiar de suas obras pega um desvio e segue em direção ao estranhamento. Colocando em dúvida nossas memórias acerca dos lugares em que crescemos, a artista manipula a vida das coisas. Além de um conjunto de esculturas e uma série de telas inéditas, a exposição conta com uma instalação e com a exibição do vídeo Cômodo, em que Hortides desenvolveu um maquinário específico, cujo objetivo é despertar a casa. Dona, sob curadoria de Ludimilla Fonseca, sugere que a gente se retire das nossas lembranças e imagine os espaços afetivos do passado sem a nossa presença. Temos a tendência de achar que nada acontece sem a interferência humana. No entanto, as coisas que nos cercam têm vida própria: elas também envelhecem e, ao serem abandonadas ou descartadas, descobrem como viver sozinhas.
Já em Vamos chamar o vento de Carolina Colichio, com curadoria de Cristiana Tejo, a exposição apresenta a produção mais recente da artista, dando foco também em sua imersão na residência artística (Back to Basics – Arteles Creative Center) na Finlândia. São obras que tratam da relação entre o natural e o artificial e a questão das interespécies na criação de novos mundos possíveis. Inspirada por elementos da natureza como a pedra, a concha, o cogumelo, a terra, entre outros, Colichio produz suas obras através da intersecção entre diversos materiais e processos, como cera de abelha, cerâmica, porcelana, pigmento de terra, concreto e madeira.