“O Mensageiro”, de Pegge. Imagem / Divulgação
Em 04 de setembro, a Galeria MITS, pela segunda vez, abre as portas para a nova individual do Pegge, a exposição “Amor Supremo”, que entrelaça pintura, sonoridades e experiências periféricas numa poética de liberdade espiritual.
Desdobramento de sua mostra anterior, Jazzmatazz – todos meus manos ouvem jazz, o projeto mergulha no universo complexo da musica instrumental negra brasileira e do mundo, tendo a imaginação radical como ferramenta de auto-investigação afetiva e insurgente.
Com obras inéditas, “Amor Supremo” tem a curadoria assinada por Nathalia Grilo, e expande a pesquisa de Pegge sobre cor, gesto e ritmo, evocando ressonâncias visuais que dialogam com as obras de John Coltrane e Moacir Santos. A exposição apresenta outras camadas do pensamento conceitual do artista e propõe, por meio da construção de paisagens sonoras e surrealistas, uma travessia de devoção, memoração e intuição criativa, afirmando a potência da arte como território de encontro com as poderosas forças que guiam o fazer criativo.
Reconhecida por seu olhar sensível e curatorial voltado para novas vozes da arte contemporânea, a Galeria MITS reafirma seu compromisso em revelar talentos que ressignificam o presente. Ao apostar em Pegge desde os primeiros momentos de sua trajetória, a MITS destaca a potência singular de sua obra, que hoje o coloca como um dos artistas mais jovens a integrar o acervo do MASP. Sua presença no portfólio da galeria não apenas reforça a relevância de sua pesquisa artística, mas também traduz o propósito da MITS de construir diálogos consistentes entre a produção periférica, a memória coletiva e os movimentos globais da arte.
Artista visual e músico autodidata de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo, Pegge transita entre pintura e música que mescla elementos do jazz, hip hop, mangás e símbolos afro-brasileiros, criando uma estética que combina figuração e simbolismo, através da construção temática da identidade, representatividade e ancestralidade.
“Eu opero como uma espécie de médium, um tradutor ativo de frequências, e converto vibrações em paisagens cromáticas onde o som já não é representado, mas encarnado”, destaca Pegge.
Em sua pesquisa liminar, a pintura já não é a música, ela se tornou sonora. Entre óleos e sons, seu ateliê funciona como altar e laboratório, em que pincéis, tintas, cabos e pedais coexistem como extensões de um mesmo ritual. Uma partitura visual onde óleo e tela pulsam como membranas ressonantes.
A mostra marca o amadurecimento de uma trajetória que entrelaça o spiritual jazz como oração, o nu soul como respiração e a música brasileira como raiz, filtrados pela vivência de um artista nascido nas periferias de São Paulo. Em diálogo com referências como Moacir Santos e John Coltrane, Pegge constrói uma poética de reverência, memória e futuridade.
Se em Jazzmatazz (2024) explorava os personagens por trás dos sons, agora torna-se canal dessas forças. “Amor Supremo” estrutura-se como uma ópera em três atos, das composições terrenas às paisagens metafísicas, em que cores e símbolos reverberam como notas, desafiando a separação entre pintura e música. A instalação sonora, composta por trechos de um EP em preparação, amplia a experiência em uma narrativa pluriversal que transforma a escuta em corpo e o olhar em vibração.
Mais do que um pintor que faz música, ou um músico que pinta, Pegge se apresenta como artista devocional, dissolvendo fronteiras entre artes visuais e sonoras. Suas telas funcionam como registros de performances íntimas, em que cada pincelada ecoa como um staccato, cada mancha de cor como um glissando congelado no tempo. Ao fundir Coltrane com Ermelino Matarazzo, o experimentalismo brasileiro com a tradição negra estadunidense, o artista propõe uma travessia estética e espiritual, evocando zonas de encontro, dignidade e liberdade.
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