Allan Gandhi, “Morning Boner”, 2025. Foto: Rafaela Camapana
O pintor Allan Gandhi estreia na galeria Sardenberg com uma exposição individual, que abre em 31 de maio. Com curadoria de Ricardo Sardenberg, a mostra reúne pinturas inéditas produzidas ao longo dos últimos três meses.
A exposição apresenta um recorte da produção recente de Gandhi, marcada por figuras masculinas deformadas, rostos dilatados, corpos desproporcionais e gestos que ficam entre o grotesco e o afetivo. São imagens que surgem do próprio gesto pictórico, sem projeto prévio ou referências diretas, e que se constroem durante o processo de pintura.
“A pintura acontece muito dentro da pintura”, afirma o artista. “As imagens aparecem à medida que a tinta é retirada e reposta, como se fossem se revelando no próprio gesto.”
A exposição destaca a relação de Gandhi com o suporte —o artista trabalha diretamente sobre a mesa, lidando com cortes, costuras e emendas que são incorporadas à construção da obra. As telas, muitas vezes compostas por pedaços costurados de tecido, evidenciam a natureza fragmentária de suas figuras e remetem à lógica interna da pintura como superfície em constante instabilidade.
“Seus retratos, invariavelmente atravessados pela presença da figura masculina, não se inscrevem numa tentativa de capturar o real, mas antes de tensionar o aparato que historicamente sustentou a própria ideia de retrato”, escreve Sardenberg. “O que vemos, em última instância, não são sujeitos, mas o desmanche do sujeito como categoria estável.”
Apesar de ancoradas na figura humana, as obras de Gandhi não se fecham em narrativas definidas. Sua pesquisa atravessa temas como o erotismo, a deformação e o humor, flertando com uma visualidade queer que se recusa à categorização. Ao abordar figuras masculinas em situações ambíguas, o artista cria cenas que tanto evocam afetos quanto estranheza.
Allan Gandhi começou a pintar em 2019, após trabalhar por mais de uma década com audiovisual. Desde então, desenvolve sua prática de forma autodidata, com foco na pintura a óleo. A mostra na galeria Sardenberg é sua segunda individual e marca sua estreia institucional no circuito de galerias.
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