Leila Danziger, “Pallaksch, Pallaksch”, 2010-2025. Foto: Pat Kilgore
A Galatea inicia o calendário expositivo de 2025 da unidade da Rua Oscar Freire, em São Paulo, com a mostra coletiva “Adiar a ordem”, que reúne obras de cinco artistas convidadas — Bianca Madruga (Rio de Janeiro, 1984), Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974), Isadora Soares Belletti (Belo Horizonte, 1995), Leila Danziger (Rio de Janeiro, 1962), Maíra Dietrich (Florianópolis, 1988) — e de Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, 1983), representada pela galeria. Com curadoria de Fernanda Morse, a exposição abre no dia 11 de fevereiro e reúne artistas de diferentes gerações que produzem sob o amplo conceito de arte conceitual.
Herdeiras das vanguardas e neovanguardas, as artistas desenvolvem suas práticas por meio de intenso experimentalismo, transitando entre linguagens como desenho, colagem, vídeo, instalação, escultura e objet trouvé, além de materiais diversos, como papel, metal, tecido, látex, durex, pedra e galhos.
O título da exposição dialoga com a natureza não convencional dos métodos e recursos empregados pelas artistas. Suas obras desafiam e desconstroem a ordem das coisas, criando narrativas visuais que evidenciam fragmentação e deslocamento. Entre os elementos presentes, encontram-se bandeiras sem pátria, muros esburacados, documentos recortados, jornais apagados, palavras rasuradas e gaiolas escancaradas.
Embora a presença exclusiva de mulheres seja uma escolha curatorial, esse não é o tema central da mostra. A seleção das artistas se deu pela percepção de que suas produções dialogam através de sutilezas e detalhes. São trabalhos que demandam um olhar atento e tempo para serem absorvidos, contrapondo-se à aceleração e às narrativas prontas da contemporaneidade. O processo curatorial se desenrolou ao longo de meses de interlocução entre a curadora e as artistas, permitindo que o resultado refletisse o momento atual de suas pesquisas.
Fernanda Morse, com formação em Teoria Literária, construiu o conceito da exposição a partir de um olhar que reconhece a poesia como forma de expressão condensada e carregada de sentido. Para a curadora, as obras presentes expandem essa noção, extrapolando a linguagem escrita e evidenciando o traço poético em variadas formas artísticas. “Não raro dizemos que não só um texto, mas uma paisagem, uma imagem ou um gesto é poético. Ao fazê-lo, tentamos dar conta de algo inexplicável que nos sensibiliza. O poético, então, fala daquilo que chama e requer nossa atenção, nos comovendo no encontro com as coisas do mundo”, comenta.
A relação com a língua, a escrita e a literatura perpassa o trabalho de diversas artistas na exposição. Leila Danziger, além de artista visual, tem produção literária cujos temas dialogam com sua obra. Bianca Madruga incorpora versos e nomes de poetas em seus títulos. Maíra Dietrich faz da escrita o próprio assunto e meio de realização de sua produção. Carolina Cordeiro dialoga com escritores e poetas nos títulos de suas obras e frequentemente utiliza o objeto-livro e a página em branco como base de sua prática. Cinthia Marcelle encara seus desenhos com fita adesiva sobre o papel e as listras apagadas e refeitas sobre o tecido como formas de escrita. Já Isadora Soares Belletti explora a poesia da tradução e do deslocamento linguístico, a partir de sua vivência como imigrante na França.
Entre os trabalhos apresentados, destacam-se a nova série de Carolina Cordeiro, desenhada com tiras de zinco sobre papel; uma versão inédita, feita com durex, da importante série de muros vazados de Cinthia Marcelle — cujo título, “Por via das dúvidas”, nomeou sua exposição panorâmica no MASP em 2022; e a grande instalação “Pallaksch Pallaksch”, de Leila Danziger, um desdobramento de sua pesquisa com jornais, que lhe rendeu o Prêmio SESC de Arte Brasileira na 22ª Bienal Sesc_Videobrasil, em 2023.
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