No dia 24 de Agosto de 2024, a galeria Verve abre ao público a mostra “Acará: delicadeza insurgente”, com texto curatorial da pesquisadora Ana Paula Rocha. Acará – do quicongo: kala, carvão ardente, brasa – dá nome ao rito em que um naco de algodão, encharcado em óleo de dendê, é acendido em fogo para que seja engolido por pessoas em transe. A palavra também designa em terreiros preparações com feijão-fradinho, dentre eles o acarajé (“comer bola de fogo”), vinculados às tradições alimentares e de afeto transmitidas pelas mães pretas. Ao mesmo tempo, Acará, do Tupi-guarani, nomeia diversas espécies de peixe – acará-bandeira, acará do Congo, acará-cascudo – e por vezes recebe, no dialeto popular, o sentido de “peixe que morde”.
Ao representar as principais ritualísticas de diversos povos indígenas, o peixe se relaciona com aspectos de vigor e cuidado, próprios ao ato da pesca, do cozimento e do preparo. “ACARÁ: delicadeza insurgente” investiga essa coexistência entre força e sensibilidade. Com o objetivo de subverter estereótipos associados a grupos não-brancos tidos ora como violentos, ora passivos, na historiografia nacional e seus arquivos institucionais, a mostra evidencia o modo como os artistas, individual ou coletivamente, apresentam propostas políticas insurgentes, alinhadas à forte rigor e delicadeza estéticos.
A mostra reúne trabalhos dos artistas Ana Beatriz Almeida, Ayrson Heraclito, Eustáquio Neves, Emanoel Araujo, Jaider Esbell, Lita Cerqueira, Maria Auxiliadora, Maria Lira Marques, Moisés Patrício, Nádia Taquary, Paulo Nazareth, Sidney Amaral e Shai Andrade, inaugurada em diálogo com a mostra ‘Posesión’, individual do artista cubano Carlos Martiel com abertura no mesmo dia, evidenciando o duplo engajamento dos artistas reunidos, que criam propostas políticas tão insurgentes quanto carregadas de forte rigor e delicadeza estéticos. “A mostra é um convite à reflexão e consciência crítica dos impactos socioculturais das violências de classe-raça, sem jamais abrir mão de uma perspectiva propositiva de liberdade e de deslumbramento incendiário do mundo”, como define Ana Paula Rocha em seu ensaio crítico para a exposição.
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