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“A casa como laboratório” de Rochelle Costi na Luciana Brito Galeria

14 junho -10:00 até 2 agosto -19:00

Rochelle Costi, “Há Casas”, 2018 (still). Divulgação

A Luciana Brito Galeria apresenta A casa como laboratório, a primeira exposição individual da artista Rochelle Costi na galeria desde seu falecimento, em 2022. Com curadoria da chilena Alexia Tala, a mostra traz a essência da poética da artista, resgatada por meio de mais de vinte obras, que se entrelaçam em uma narrativa seguindo o conceito desenvolvido pelo escritor francês Georges Perec, em Aproximações ao infraordinário: “O que acontece quando não acontece nada? Como falar dessas horas, desses dias em que nada acontece, em que se passa apenas o que acontece todos os dias — o habitual, o cotidiano, o evidente, o comum, o ordinário, o infraordinário, o de todos os dias?”

EXPOSIÇÃO NA LUCIANA BRITO GALERIA RESGATA ESSÊNCIA DA OBRA DE ROCHELLE COSTI

O trabalho de Rochelle Costi nos abre para a poesia do banal e do corriqueiro, que deslumbra nossa existência. Não quer saber dos grandes acontecimentos, mas daquilo que constitui o tecido real de nossas vidas, a beleza transformadora das pequenas coisas do cotidiano. Rochelle Costi foi, nesse sentido, uma artista do infraordinário. Ao longo de sua carreira, evitou temas espetaculares ou cenários grandiloquentes, preferindo explorar o comum, o que nossos olhos sempre veem, mas nem sempre enxergam, como a singeleza dos quartos, móveis, armários, objetos comuns, cantos esquecidos, pequenos insetos, paredes, padrões, texturas, artigos baratos e até barracas de feira. Para a curadora Alexia Tala, a mostra A casa como laboratório não deve ser vista apenas como uma exposição-homenagem a uma artista excepcional, mas como um convite para habitar o mundo com outra intensidade — a mesma com a qual Rochelle habitou este mundo.

A própria casa da artista refletia a essência de seu olhar, que assimilava tudo a partir de uma perspectiva de dentro para fora. Sua casa, dessa forma, surgia como um cenário privilegiado, não apenas como um refúgio, mas como um laboratório de descobertas e geografia íntima, onde os afetos, as tensões e as memórias tomavam forma. Assim, como um verdadeiro gabinete de curiosidades, a mostra A casa como laboratório transforma o espaço do pavilhão da Luciana Brito Galeria em um resgate da própria casa da artista, reunindo algumas de suas obras mais simbólicas. Um dos destaques, da série Desmedida (2009), ganha uma dimensão fora do padrão no espaço expositivo para aprofundar a relação entre o cotidiano e a arbitrariedade das nossas regras perceptivas. A série apresenta intervenções da artista em espaços domésticos com objetos comuns, evidenciando o caráter relativo das proporções que organizam nossas vidas.

Outro trabalho importante, a instalação Passatempo (2018), brinca com a ideia do tempo suspenso, do fazer sem finalidade ou, simplesmente, do “não fazer nada”. O soletrar de “p a s s a t e m p o” imita um relógio de parede e nos coloca diante do fluxo temporal do ócio, esse conceito discriminado mas que já possibilitou grandes descobertas ao longo da história. Em contraposição, Papel de Parede (2010) potencializa algo familiar ao brasileiro por meio de uma coreografia repetitiva e caleidoscópica: pés de galinha.

A existência transforma-se em vestígios nos espaços vazios da Casa da Ilha – Sala (2017) e do Quarto de Banho (2017), ao passo que Casa Cega (2002) anula qualquer vestígio dela, da sensação de abrigo à de segurança, transformando a casa em um corpo inerte. Na série Quartos – São Paulo (1998), a artista apresenta um inventário imagético desse cômodo em diferentes casas da cidade. A artista fotografou camas, armários, acúmulos de objetos, possibilitando que cada uma dessas imagens funcione como uma espécie de “retrato indireto” de quem os habita. Da mesma forma, o doméstico se converte em uma cartografia do desejo e da memória em Casa da Ilha – Sala (2017) e Quarto de Banho (2017), para os quais a artista retratou espaços vazios, mas saturados de vestígios de presença.

A casa, para Rochelle Costi — assim como deveria ser para todos nós — não era apenas um espaço físico, mas uma construção simbólica, afetiva e perceptiva. É um lugar onde convergem os corpos, os objetos, as memórias, os desejos e os fantasmas. Um rastro de nós mesmos e dos nossos. É também um cenário onde se desdobra o infraordinário: esse murmúrio do habitual que constitui a matéria mais densa e significativa da nossa existência.

Detalhes

Início:
14 junho -10:00
Final:
2 agosto -19:00
Categoria de Evento:
Evento Tags:
,
Website:
https://www.lucianabritogaleria.com.br/

Local

Luciana Brito Galeria
Av. Nove de Julho, 5162 - Jardim Europa
São Paulo, SP Brasil
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